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We Happy Few – Será que da pra ser feliz mesmo? Confira nossa análise.

Analisado no Xbox One S

 

Será que você sobrevive a uma alegre, porém macabra distopia? Se sua resposta for sim, seja bem vindo a We Happy Few!

Distopia nada mais é do que um lugar imaginário, que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação, ao contrário de exemplos perfeccionistas como os da utopia. E isso e algo que fascina as pessoas há muito tempo, desde as mais clássicas, até as futuristas, cyberpunks, steampunks e inúmeras outras. Cada uma tem sua própria característica, seja uma sociedade oprimida por novos “senhores feudais”, inteligências artificiais e por trás de tudo, os governos.

We Happy Few segue o mesmo estilo, mas entregando algo novo e ao mesmo tempo fascinante (para algumas pessoas), assustador e macabro.

 

 

Começamos a aventura controlando Arthur Hastings, funcionário de um departamento de censuras. Durante seu trabalho, Arthur se depara com uma antiga notícia de jornal sobre ele mesmo e seu irmão mais velho, Percy, o que causa uma forte explosão de memórias que o invadem violentamente. Após isso temos uma difícil decisão, (ao estilo matrix), tomar ou não a felicidade?

Caso decida tomar, nos é dado um mundo em que a população é refém da felicidade, onde o sorriso é a lei e qualquer outro sentimento é considerado crime.

 

 

We Happy Few nos leva de volta ao ano de 1964, na Inglaterra, mais precisamente na cidade de Wellington Wells, uma cidade formada pela união de diversas ilhas em meio a um rio, com difícil acesso, e impossível de se sair. Um lugar transformado após a invasão dos alemães durante uma Segunda Guerra Mundial com um desfecho um pouco diferente da real (apesar disso permanecer em aberto, achei um pouco sem sentido porque muitos prêmios por conclusão de missão lhe são dados sem nem mesmo você saber que estava em uma missão).

Depois de um tempo jogando, descobrimos que existem “dois tipos” de pessoas:

 

 

Os “Wellies”, que são a parte da sociedade que vivem no conforto da Vila Hamlyn tomando sua felicidade em forma de comprimido a todo momento, leis estritas, sem saber o que estão fazendo (bem chapados) ou o que está acontecendo ao seu redor.

Já do outro lado estão os Parias, ou como os felizes gostam de chamar, os DEPRE, os indesejados, aqueles que não estão felizes e foram expulsos para o Distrito do Jardim, formado pelas áreas abandonadas e destruídas das ilhas, em que não há recursos para todos, não há esperança, mas mesmo assim, possui leis opressoras.

Wellington Wells se mantém graças a uma droga especial, a Alegria, droga que te supre todos os sentimentos negativos, deixando-os em estado de constante alegria, mas sofrendo sérios efeitos colaterais, em especial a perda de memória. A felicidade é a lei, assim todos tomam Alegria constantemente, esquecendo-se desde suas memórias de infância e até as mais recentes de poucos dias atrás.

 

 

Os Deprês são aqueles que não tomam Alegria, e que, após serem dependentes da droga por anos, ao se libertarem de seus efeitos (seja por vontade própria ou rejeição de seus corpos) enfrentam todos os seus sentimentos negativos – em especial a tristeza – de forma muito poderosa. Essas pessoas são indesejadas pela sociedade, sendo mortas pela cruel polícia, ou expulsos para o Distrito do Jardim, sendo abandonados para morrer.

Um ponto positivo do jogo é que seu mapa usa uma programação procedural. Assim, nunca uma partida será igual a anterior. O mapa é composto de um conjunto de ilhas, que se reorganizam a cada novo jogo, bem como as cidades e a localização de missões, itens, objetivos e etc. A construção aleatória dos cenários não é por acaso, pois se trata de um recurso narrativo.

Como já mencionado, um dos efeitos colaterais da Alegria é a perda de memória, e isso é algo que eu acho que prejudica mais do que esperado. Se você se comportar de forma estranha perto das pessoas, pulando, correndo, se agachando, agredindo pessoas e principalmente se estiver mal vestido, as pessoas se tornarão hostis e vão te matar. Além disso, as cidades são patrulhadas por drones e sensores de Alegria, que atacam os Deprês com poderosas descargas elétricas.

 

 

Para evitar ser atacado, você deve estar bem vestido e se comportar bem, fingindo estar sob efeito da Alegria, mas em certos casos, você não terá outra alternativa a não ser consumir a droga, seja para passar por sensores ou passar despercebido pelas pessoas.

Se o jogador consumir muita Alegria, seu personagem sofrerá o efeito de perda de memória. Nesse estado, seu personagem fica extremamente fraco e se esquece da geografia local, fazendo com que o mapa seja modificado, ficando mais colorido e alegre.

FELIZMENTE, o fator sobrevivência não é “definitivo”, fome e sede não são status vitais, o que significa que seu personagem não morrerá de sede ou fome, mas ficará mais fraco se não estiver bem nutrido e bem descansado. Mas tome cuidado com o que você consome, comida estragada pode causar intoxicação alimentar e água de torneira está misturada com Alegria.

Para tudo isso o game tem menus bem simples, que mostram o mapa, seu inventário, objetivos e outros recursos. Além disso, há um pequeno menu de acessos rápido para consumir ou equipar itens de arremesso. Mas algo bem incômodo é que todos os itens consumíveis são colocados nesse menu rápido, ou seja, se você tiver 20 tipos de comida e bebida, todos estarão no menu, e se você quiser usar algum em específico, terá que ficar circulando esses itens até achar o que quer, ou abrir o menu geral para consumi-lo, o que acaba matando seu propósito, seria melhor aproveitado se permitisse que o jogador escolhesse quais itens colocar nos atalhos.

 

 

Os personagens não são fortes, por isso você precisará ter muito cuidado ao entrar numa briga, pois todo mundo ao redor vai se envolver e te atacar, nessas horas o melhor a se fazer é fugir e tentar se esconder. Você pode se esconder em latas de lixo, sentar em bancos e ler um jornal ou se esconder em arbustos. A regra é: Não importa o que você faça, apenas não deixe que ninguém o veja fazendo.

We Happy Few tem um visual bem interessante, que usa de forma bem inteligente as cores como um recurso. Os cenários são todos melancólicos, aquela típica imagem da Inglaterra da pós guerra, cheia de pobreza, lixo, ratos e doenças. Mas a Alegria transforma esses cenários, principalmente se você estiver sob seu efeito, tudo a seu redor será bem mais colorido, parecendo mais vivo e feliz, mas quando o efeito passa você entra em abstinência, tudo fica escuro, cheio de moscas, até que você fica limpo dos efeitos da droga e enxerga o mundo como ele é, cinza, opaco, frio e sem nenhuma beleza. Sem contar ainda com o visual dos personagens, todos utilizando máscaras brancas com sorrisos fixos e olhos vidrados e ameaçadores, uma versão muito macabra da máscara de Guy Fawkes de V de Vingança.

Joguei pelo Xbox One e infelizmente há muitos problemas de desempenho, como texturas que demoram a carregar, leves engasgos em transições de cenários ou de cenas, entre outros erros aleatórios. Uma infeliz queda de frames que ocorre normalmente quando há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, permanecendo assim até que alguma coisa aconteça.

 

 

O loading é outro problema, o game entra na tela de loading muitas vezes durante o gameplay, atrapalhando o ritmo da aventura. E eles não são curtos, além de parecer muito aleatório, por exemplo, enquanto você anda numa rua, quando vira uma esquina e etc. Mas o mais grave são os que forçam o game a ser encerrado. Esses crashes aconteciam aleatoriamente, sempre após alguma ação importante, como interagir com algo para dar prosseguimento numa missão e etc. Vamos torcer para que esse problema seja corrigido em futuras atualizações.

A trilha sonora do jogo é boa, possui várias músicas bem ao estilo “elevador” e show de auditório de programas de TV da década de 60. Além disso, a voz do Tio Jack sempre está presente, um apresentador de TV que serve como a figura do Grande Irmão de Orwell, ele é a figura mais famosa de toda a cidade, com seu jeito carismático e seus programas sendo exibidos em TVs no meio das ruas e em torres com alto falantes em lugares mais desolados.

O jogo conta com dublagem em inglês, mas tudo é legendado para português brasileiro, incluindo os menus, e o trabalho de tradução é bem feito, deixando tudo muito mais divertido e envolvente!

 

Conclusão

We Happy Few é um jogo bem envolvente que entrega histórias bem sombrias, sobre um mundo controlado em plena vista e ainda assim escondido aos olhos da população dopada. É um jogo divertido, exceto em certas missões secundárias, que exigem que você viaje muito longe para algo que muitas vezes não vale o esforço.

Ainda sim é bom até onde foi possível jogar, que por conta dos bugs impediram a mim e inúmeros outros jogadores de completar o game, com isso o estúdio não conseguiu corresponder às expectativas de entregar uma aventura intrigante com boa temática que usa recursos procedurais, a proposta do jogo é boa, mas sua execução deixa muito a desejar.

 


Está análise contou com a colaboração de Leonardo Gomes.

 

 

We Happy Few

6

Nota

6.0/10

Positivos

  • Jogabilidade fácil
  • Trilha sonora que se encaixa bem no jogo

Negativos

  • Menu de acesso rápido é bagunçado
  • Loadings colossais
  • Inúmeros erros que atrapalham o gameplay

Saulo Fernandes

Publicitário de formação, editor do Gamers & Games desde 2015. Gosto de jogos de exploração, aventura e corrida, comecei a jogar no Master System, mas o meu console queridinho até hoje é o GameCube.
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