Twin Mirror – Entre razões e emoções | Análise

Twin Mirror permite interação com objetos para observar mais detalhes e liberar mais opções de diálogos.

Thiago Richeliê15/01/2021Última Atualização 15/01/2021

Analisado no PlayStation 4

Twin Mirror desenvolve a trama de Samuel Higgs, que precisa voltar para sua cidade natal onde está acontecendo o funeral de seu melhor amigo, Nick. Voltar para visitar uma cidade pequena onde viveu boa parte de sua vida não seria ruim, exceto pelo fato de que Sam é odiado pela maioria da população. Acontece que Higgs é um jornalista investigativo e publicou uma reportagem comprometedora e nós sabemos como a galera do interior dos EUA pode ser assustadora quando se trata de suas cidadezinhas. A história passa a se desenrolar quando Joanna, afilhada de Sam confidencia a ele que suspeita que o acidente com o carro de seu pai, não foi um acidente e sim um crime.

Sam, talvez por dívidas emocionais com a garota, acaba sendo o único que acredita em suas teorias e se vê comprometido com uma investigação que pode revelar o que de fato aconteceu com seu melhor amigo. O jogo nos imerge a uma rede de conversas com cidadãos da cidadezinha a fim de desvendar o que há por trás de tal fatalidade, revelando alguns poucos amigos em um oceano de inimigos. Como se enfrentar uma cidade cheia de caipiras sodomitas que especulam tudo sobre todos fosse fácil, Sam ainda tem seus próprios fantasmas do passado para lidar, e parte das decisões sobre sua vida pessoal interferirão no desenrolar da história.

Twin Mirror apresenta uma história densa e um ritmo mais dinâmico, buscando uma evolução constante da história, sem nos obrigar a peregrinar em busca de dicas e provas escondidas. O jogo desenvolve a história e apresenta um enredo satisfatório, sem deixar pontas soltas. Embora a história seja o ponto alto do game, o jogo deixa uma lacuna sentimental em quem joga, deixando uma percepção de que algo a mais poderia ser incorporado à ele, momentos mais épicos e um melhor aproveitamento de detalhes e personagens que poderiam impactar ainda mais na experiência, induzindo o jogador a questionar mais… Os personagens importantes são poucos, tornando o que deveria ser o plot twist, uma conclusão previsível.

Com uma jogabilidade simplificada, Twin Mirror permite interação com objetos para observar mais detalhes e liberar mais opções de diálogos. O famigerado sistema de diálogos pré determinados também existe no jogo, o qual torna suas escolhas e interações no decorrer do jogo responsável pelas perguntas aos NPC’s. Mas o fator marcante que põe Twin Mirror acima de outros jogos do gênero é o Palácio Mental, que nada mais é que um estado de transe no qual Sam se encontra dentro de sua própria mente, com intuito de analisar suas pistas e fazer uma espécie de simulação de todas as possibilidades de intercorrências nos cenários apresentados. O Palácio Mental é uma espécie de “HD”, onde Sam revive lembranças de sua infância e juventude. Esse estado de transe define bem a personalidade do protagonista, nos fazendo entender como seu perfil analítico funciona, além de nos dar um vislumbre de como Sam enfrenta seus problemas pessoais internamente. Infelizmente o Palácio Mental aparece poucas vezes, não sendo explorado de forma mais aprofundada.

No final, a sensação que Twin Mirror deixa é de uma expectativa absurda. Enquanto avançamos no jogo, fica claro que Higgs pode ser intenso em função de sua mente problemática, mas infelizmente não exploraram todo o potencial que o protagonista poderia oferecer. O jogo em si é muito bom, apresentando uma história de investigação que prende a atenção do jogador, ao mesmo tempo que nos deparamos com uma jornada de aceitação do passado, vivida pela protagonista. Os fãs desse gênero vão gostar muito da história, mas talvez se peguem desapontados com um protagonista subaproveitado, que merecia uma exploração mais intensa, além de personagens secundários irrelevantes, e claro, por não terem explorado de forma mais adequada o Palácio Mental.

Mas no geral, é um bom jogo e vale a pena conhecer essa trama.