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The Last of Us Parte 2 – Brutalmente Maravilhoso | Análise sem Spoilers

Naughty Dog fecha mais uma geração com um jogo excepcional.

Analisado no PlayStation 4 Pro


Não tem como negar que The Last of Us é um dos jogos mais esperados do ano. Por esse motivo, resolvemos fazer uma análise que não contenha spoilers da história.

Sete anos depois do lançamento do primeiro jogo, a Naughty Dog mais uma vez aposta na história cativando o jogador a realmente entrar na pele dos personagens e de tudo aquilo que sentimos.

Começamos então essa análise a uma frase dita no jogo, mas que poderia ser uma pergunta aos produtores de The Last of US:

“E Se Tivesse que fazer tudo de novo?”

Pois bem, já se passaram 5 anos após os acontecimentos que vimos no primeiro game da franquia e agora Ellie, com 19 anos, vive em uma comunidade chamada Jackson, comandada por Maria e Tommy, irmão de Joel.

Joel por sua vez é um dos encarregados da Patrulha, que sempre estão nos arredores de Jackson para manter a comunidade protegida dos infectados.

Mas a relação de Ellie e Joel acabou ficando fria. Em partes porque Ellie chegou em sua adolescência e decidiu seguir sua vida de forma mais independente, mas esse não é o principal motivo, mas por tudo o que eles guardam do passado. Nunca devemos esquecer que Ellie é imune ao cordyceps, os famosos esporos que se, entrarem em contato com um ser humano acaba tornando-o em uma espécie de zumbi. Como vimos no primeiro jogo, Ellie poderia fornecer a cura para essa pandemia, porém teria que pagar isso com sua própria vida, o que fez Joel matar os Vaga-Lumes e se refugiarem em Jackson.

Agora, anos depois, tudo isso servirá como ponto de partida de The Last of Us Parte 2 que utilizará vários dos sentimentos humanos para direcionar os personagens desta saga a procurarem sua paz interior.

Após um acontecimento, Ellie é tomada por um sentimento de vingança o que fará a jovem partir para Seattle, a mesma zona de quarentena onde esteve à procura dos Vaga-Lumes, mas, agora controlada por um grupo paramilitar intitulado WLF. Mas não se engane, mais uma vez teremos que enfrentar uma horda de infectados, inclusive alguns que até então nunca tínhamos visto, como por exemplo, o Shambler.

A história, mais uma vez nos trará personagens fortes e marcantes, como Dina, a namorada de Ellie, Jessie, um dos comandantes da Patrulha de Jackson, entre outros que aparecerão durante a jornada. Todos com suas histórias, dores e martírios.

Apesar de serem pessoas diferentes, todos eles passam por alguns sentimentos em comum, como:

Todos os nossos atos tem consequências: sim, a primeira coisa que podemos falar sobre a história é que Ellie e Joel vão ter que arcar com suas ações. Por mais que as vezes nossos atos sejam motivados por sentimentos nobres, isso causa consequências para outras pessoas e o jogo nos deixa exatamente ver e sentir todos os lados desta história.

Amor: palavra muito usada em nossa sociedade, mas que em The Last of Us Parte 2 servirá de diversas formas, seja no amor de um pai para com uma filha, seja no amor a uma causa ou religião, seja no amor a um animal ou o a uma outra pessoa. Veremos todos esses amores no jogo. Além disso, a diversidade de gêneros também estará presente juntamente com a intolerância e o preconceito.

Raiva: O jogo nos remete a sentir em nosso âmago toda a raiva que um ser humano pode ter. Mesmo em pessoas do bem, muitas vezes a raiva supera a racionalidade nos tornado pessoas que nunca imaginávamos poder ser. Isso faz com que os personagens munidos dessa raiva façam atrocidades, que como dissemos anteriormente trará consequências.

Mas até onde nossa raiva pode nos levar? Para os personagens do jogo, a raiva é o fio condutor para justificar seus atos, seja para algo pessoal ou para o bem de um grupo. Em um mundo caótico, muitas vezes tudo isso é considerado algo normal, mas que com o tempo percebemos que cada vez mais, ao seguir esse caminho, nos distanciamos do nosso verdadeiro eu.

Como percebemos os personagens de The Last of Us Parte 2, no fundo tentam procurar, em uma sociedade dizimada, uma harmonia que muitas vezes parece impossível, dado à todas as cicatrizes que são causadas durante uma jornada. Apesar da dor, Ellie e todos os demais no fundo estão procurando sua redenção. Mas não se engane, o jogo chega a ser visceral, trazendo uma violência nua e crua aos games. A brutalidade encontrada nos personagens mostra o poder de toda a raiva cultivada dentro de cada um e como isso os transforma em pessoas sem nenhum tipo de piedade.

Mais uma vez, a Naughty Dog mostra que seu ponto forte é a narrativa e a criação de personagem, o que faz de The Last of Us Parte 2 uma das mais incríveis histórias do mundo dos games.

Em relação ao Gameplay, o estúdio usou tudo que funcionou no primeiro jogo, aperfeiçoando muitos outros aspectos.

Apesar de ainda ser um jogo linear, em The Last of Us Parte 2 encontraremos locais maiores, o que facilitará nossa movimentação e ajudará muita na criação de táticas usadas contra nossos inimigos. Em compensação, a Inteligência artificial melhorou muito, fazendo com que também sejamos caçados de uma forma mais criteriosa. Desta vez, ao sermos avistados, os inimigos podem nos cercar de modo que tenhamos que usar nossas habilidades para derrotá-los. Além disso, agora os humanos tem a ajuda de cães que colocam um grau ainda mais difícil ao jogo.

Para isso, a melhor tática ainda é usar a furtividade. Sim, apesar de o jogo permitir jogar da forma que quisermos, usar a furtividade pra nós da Gamers foi a melhor tática. O Modo Escuta (uma espécie de radar) se faz presente, mas além dele agora podemos nos esconder nos matagais do jogo. E não é só isso, mesmo estando agachada, o personagem pode mirar e atirar em um inimigo. A opção de enganá-los usando garrafas e tijolos encontrados no cenário também retorna do primeiro jogo.

Outra novidade é a possibilidade de se esquivar de um golpe. Pode parecer pouco, mas isso será uma mecânica muito usada no jogo todo, o que evita a perda de muita saúde. Agora, usando um impulso Ellie é capaz de saltar mais. Isso possibilita que possamos subir ou escalar para partes elevadas e assim mudar um pouco a dinâmica das batalhas.

Falando em batalha, temos mais uma boa novidade. Quando nosso personagem estiver com algo na mão, no caso uma garrafa ou um tijolo, podemos usá-los como arma quando vamos ao encontro dos inimigos, basta atirá-los na cabeça e finalizar o oponente. Uma dica, nem sempre os confrontos são necessários.

Já em relação as armas, fique tranquilo, temos várias opções, desde rifles, espingardas, pistolas, passando por arco e flecha, bestas e armas brancas, além de granadas e coquetéis. Mas cuidado, gerencie bem suas munições e suprimentos, pois elas são finitas.

Podemos ir evoluindo tanto as armas quanto nossas habilidades, para isso, você terá que vasculhar todo o cenário atrás ingredientes para itens e peças, além de Manuais de Treinamento que desbloqueiam poderosas atualizações. Essa exploração será recompensada com o encontro de colecionáveis e as cartas dos habitantes. Acho muito interessante ler todas essas cartas, já que elas nos passam as reflexões e emoções das pessoas ao longo de tudo o que eles estavam vivenciando.

Mas o jogo não é só enfrentamento não. Muitas vezes ele fará que usemos um pouco nossa habilidade em decifrar pequenos puzzles. Seja para ligar a energia de um gerador, seja para abrir um cofre, movimentar objetos para termos acesso a outros ambientes, vamos ter que usar as informações das anotações encontradas para solucionar os quebra-cabeças. Outra coisa implementada foi o bom uso de cordas para avançarmos no cenário.

Mas o que nos salta aos olhos é a evolução do motor gráfico usado em The Last of Us Parte 2. Os gráficos estão excelentes. Personagens realistas, expressões perfeitas e um mundo vivo. Mas, o mais impressionante é quando você começa a perceber o cuidado que a equipe teve com os pequenos detalhes, como uma gota de suor, uma placa balançando ao vento, uma pegada na neve ou no barro. Outro trabalho que chama muita atenção é na iluminação que o jogo ganhou. Em um mundo que a luz é praticamente natural, os raios solares são um fato muito importante, o mesmo acontecendo com as sombras. Tudo se encaixando perfeitamente no cenário de modo muito realista. Materiais difíceis de se trabalhar como a água e reflexo por exemplo, foram muito bem trabalhados.

A cereja no bolo fica por conta do som. Ouvir um estalador a sua procura em uma sala fechada é algo que chega a arrepiar, mesmo se você for daqueles que não se assustam facilmente. Mas não é só isso. O som das armas e da natureza foram mais uma vez bem reproduzido, dando ainda mais realismo a todo aquele mundo apocalíptico.

É até difícil tentar achar algum defeito no jogo. Mas ainda há algo que me incomoda. A movimentação do personagem ainda pode ser melhorada, mesmo sendo uma marca registrada dos jogos da Naughty Dog. Muitas vezes ainda nos parece um pouco travada. Além disso, a proximidade de dois personagens ainda causa movimentos estranhos da Inteligência artificial. E coloco também o Loading inicial do jogo, bem grande.

The Last of Us Parte 2 mostra, mais do que nunca, que a Naughty Dog é hoje um dos principais estúdios de jogos da atualidade. Dentro de seu estilo cinematográfico, ela prova que uma excelente história pode sim ser aliada a um gameplay dinâmico e variado.

Como aconteceu com o primeiro jogo da franquia, The Last of Us Parte 2 vem para fechar o ciclo de uma geração, e com certeza de uma forma espetacular.

E, para não deixar a pergunta no qual começo essa análise, vou terminar como a reposta que Joel nos dá durante o jogo

“Eu faria tudo de novo, do mesmo jeito!”

The Last of US Parte 2

9.7

Nota

9.7/10

Positivos

  • História
  • Personagens
  • Gráficos
  • Som
  • Ambientação

Negativos

  • Movimentação dos personagens

Marcelo Rodrigues

Old Gamer, se aventurando no ramo dos video-games deste o Atari. Já foi só do lado "Azul" da Força, mas hoje distribui sua atenção para todas as plataformas. Apesar de jogar todos os estilos, Adventures e Plataformas ainda tem um lugar especial em seu coraçãozinho.
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