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Alex Kidd in Miracle World DX – Quase tudo aquilo que queríamos | Análise

O jogo continua curto, e sua dificuldade no modo padrão ainda é bastante alta

Analisado no PC


Alex Kidd in Miracle World DX é o remake de Alex Kidd in Miracle World, jogo originalmente lançado em 1986 para o Sega Master System, título esse que tinha como sua principal missão fazer frente ao Super Mario Bros. da Nintendo. Esse remake foi produzido pelo Jankenteam e publicado pela Merge Games, sendo lançado dia 22 de junho de 2021 para PC, PlayStation, Xbox e Nintendo Switch.

Alex Kidd in Miracle World DX
Visual é um dos pontos fortes do remake

Sendo bem realista não foi nada fácil me manter o mais imparcial possível com esse texto de revisão, uma vez que o título original me traz tamanha nostalgia, pois o primeiro contato com videogames que eu tive na infância, foi com Alex Kidd no console dos meus primos, que ficava ligado na TV do quarto dos meus tios. Foi com aquele jogo que segurei pela primeira vez um controle e pude experimentar a sensação e satisfação que os pulos e socos que aquele personagem cabeçudinho e orelhudo podia proporcionar. Mas os anos se passaram, eu diria que isso aconteceu por volta de 1992/1993 e agora em 2021 temos a volta desse personagem tão icônico para o público brasileiro e europeu (a Sega foi muito forte nesses territórios durante a era dos 8 bits).

Alex Kidd in Miracle World DX começa com uma bela animação mostrando como o malvado Janken atacou o reino de Radaxian, Alex Kidd é o filho perdido do rei e agora precisa lutar para salvar o reino, onde quase todos foram transformados em pedra e seu irmão Egle foi aprisionado no castelo pelas forças do inimigo, que está prestes a dominar todo o reino.

A história é bem simples e não foi mudada, o remake se manteve fiel ao título da Sega. Já a jogabilidade recebeu algumas mudanças, de começo senti um pouco de falta de controle do Alex usando um DualShock 4 conectado ao PC pela Steam, mas depois troquei para o controle do Xbox One e isso pareceu resolver. Pode ser algum problema de driver ou algo assim, então se você sentir que o personagem parece um pouco escorregadio ao controlar, pode ser esse o problema no caso do PC. Já com relação aos controles em si, a mudança mais notável foi na física, Alex parece pular mais alto e o controle dele durante os pulos, enquanto está no ar, ficaram mais fáceis. Além disso, as caixas de colisão estão melhor posicionadas, mas de fato você leva um tempo para se acostumar com a distância dos inimigos. Por outro lado, o que não foi mexido é o famoso “one hit kill”, sim o título permanece com o famoso “encostou, morreu”, e são apenas três vidas, os continues são infinitos, mas você perde todos os itens consumíveis e dinheiro coletado.

Alex Kidd in Miracle World DX
O Pecticoptero e demais veículos estão de volta, com as musicas especiais deles.

Falando em itens, eles estão todos de volta: o bracelete do poder, que permite que Alex solte uma rajada de poder ao invés de um soco, o pó de invencibilidade, as cápsulas mágicas A e B, sendo a primeira a replicar pequenas cópias do Alex que atacam os inimigos e a segunda, criando uma barreira de proteção e claro, o cajado que permite que Alex voe por um pequeno período de tempo. Além desses itens, existem agora alguns colecionáveis escondidos pelo jogo, então vale a pena quebrar todos os blocos possíveis cada vez que jogar.

Alex Kidd in Miracle World DX
A loja de itens em uma das fases

As fases permanecem as mesmas, todas lindamente feitas com um visual desenhado à mão e um filtro que deixa tudo um pouco pixelado. A trilha sonora foi toda refeita seguindo como base a original, mas contando com variações da melodia, inclusive, a primeira e tão icônica música, ganhou um leve arranjo que parece cantada, no melhor estilo da clássica música de New Super Mario Bros. Mas a equipe do Jankenteam foi além e criou alguns novos estágios entre as fases clássicas, esse número é baixo, mas ajuda a criar uma sensação de progressão melhor pelo mapa, por exemplo, uma fase entre a aldeia de Namui e o Monte Kave, isso também ocorrendo em outras áreas. Outro ponto bem trabalhado pela equipe foi a possibilidade de a qualquer momento e em qualquer situação (mesmo nas fases novas), a troca entre o novo jogo e o estilo clássico, alterando não apenas o visual, mas também as músicas. De fato esse modo não é 100% preciso ao jogo original, mas é uma adição bem-vinda. Outro ponto louvável foi a localização em Pt-Br que está muito bem feita.

Alex Kidd in Miracle World DX
Novas fases foram inseridas entre algumas das clássicas, como por exemplo, antes do Mount Kave, essa da imagem

Mas é jogando que percebemos que aquilo que pode ser visto por uns como um ponto positivo também pode ser seu maior problema. Alex Kidd in Miracle World DX é um remake tão fiel que trás consigo até mesmo alguns problemas de design e gameplay do jogo original, sejamos sinceros. O jogo não era muito longo, além disso, sua dificuldade poderia ser considerada brutal, até mesmo para os padrões da época. Se formos comparar ele com o título ao qual ele deveria competir (Super Mario Bros.), esses problemas ficam ainda mais evidentes e isso tudo foi carregado para esse remake. Em muitos casos, esses projetos visam não só refazer a parte visual e sonora de um título passado, mas expandir esse mundo e melhorar (e as vezes corrigir erros do) seu gameplay, porém aqui esse último item parece ter sido deixado de lado.

Alex Kidd in Miracle World DX por padrão começa apenas com três vida e exatamente o mesmo layout e posicionamento dos inimigos, morrer aqui é mais um fato do que uma possibilidade. Sim você eventualmente vai morrer, até ai tudo bem, mas alguns pontos poderiam ser revistos, melhorados, como talvez um sistema de progressão em que o jogador pode levar alguns hits antes de morrer, talvez comprar medicina entre os demais itens que podem ser comprados, algo assim, mas não, a saída foi ativar o modo vidas infinitas e deixar o jogador morrer à exaustão até completar o game. Ok, é uma saída válida, mas parece mais um “vai termina ai”, do que uma conquista. Além disso, como falei antes, apesar da inclusão de novas fases, o game continua extremamente curto, você consegue terminar ele em menos de três horas sem quaisquer problemas, ainda mais se estiver com o modo vida infinitas. Uma vez terminado, não tem muito mais o que fazer com o game.

Alex Kidd in Miracle World DX
O belo mapa do jogo

Em resumo, Alex Kidd in Miracle World DX é aquele remake que sonhamos por anos e mais anos, mas infelizmente ele adiciona muito pouco a um jogo tão amado por muitos. Dizer que ele não vale a pena é um absurdo, sim ele vale cada centavo e cada segundo que você investe nele, por mais frustrante que possa ser, mas ainda assim, em muitos pontos parece uma chance perdida de expandir essa história, incluir novos elementos e com isso trazer novos jogadores para essa franquia que estava adormecida a tantos anos. Volto a repetir, para pessoas assim como eu que conheciam o game, ele vale cada minuto, mas não acho que ele vá atrair uma nova geração para o título.

Confira neste vídeo de gameplay o início de Alex Kidd in Miracle World DX:

Alex Kidd in Miracle World DX

7.5

Nota

7.5/10

Positivos

  • Visual incrivel
  • A trilha sonora ficou muito boa
  • Todo em português do Brasil
  • Nostalgia
  • Tem vidas ilimitadas

Negativos

  • Continua sendo encostou, morreu
  • Os controles precisam de um tempo para se acostumar
  • Apesar das novas fases, acrescenta pouco conteúdo
  • Continua bem difícil

Saulo Fernandes

Publicitário de formação, editor do Gamers & Games desde 2015. Gosto de jogos de exploração, aventura e corrida, comecei a jogar no Master System, mas o meu console queridinho até hoje é o GameCube.
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