
Ex-chefe da PlayStation avalia estratégia multiplataforma do Xbox
Shawn Layden compara a postura da Microsoft à transição da Sega.
Shawn Layden, ex-chefe dos estúdios mundiais da PlayStation, está dando o que falar após compartilhar sua visão sobre a nova estratégia multiplataforma do Xbox. Durante uma entrevista ao canal Kiwi Talkz no YouTube, Layden discutiu o impacto dessa mudança para a marca e traçou paralelos históricos, evocando a trajetória da Sega.
“Multiplataforma é uma estratégia válida, especialmente em um cenário onde os custos de desenvolvimento estão subindo dramaticamente,” explicou Layden, ao ser questionado sobre a abordagem da Microsoft. Contudo, ele destacou um ponto crítico: ao adotar essa postura, a Microsoft pode perder a capacidade de promover o FOMO (fear of missing out, ou o famoso “medo de ficar de fora”), uma tática eficiente para atrair jogadores ao ecossistema Xbox.
De exclusividade à multiplataforma: oportunidade ou obstáculo para o Xbox?
Nos últimos anos, a Microsoft tem quebrado barreiras ao lançar títulos tradicionalmente exclusivos em outras plataformas, a exemplo de Forza Horizon 5 e o aguardado Indiana Jones and the Great Circle. Phil Spencer, líder do Xbox, já declarou que não existem “linhas vermelhas” sobre o que pode ser disponibilizado futuramente para outras plataformas.
“Se você está disponibilizando seus jogos em qualquer lugar, uma das suas principais armas de marketing — o ‘se você não está aqui, está perdendo’ — deixa de existir,” argumenta Layden.
Há, no entanto, um precedente histórico que Layden considera relevante: a Sega, que passou de fabricante de consoles para desenvolvedora de software após o fim do Dreamcast. Lançado em 1998 e descontinuado em 2001, o console marcou o último esforço da Sega no mercado de hardware. Desde então, a empresa tem encontrado sucesso com títulos multiplataforma, especialmente franquias como Sonic the Hedgehog e Like A Dragon (anteriormente chamada Yakuza).
Uma nova era para o Xbox
Há quem veja a estratégia da Microsoft como parte de sua transformação de um mero produtor de hardware para um verdadeiro provedor de entretenimento. Outro ex-executivo da Sony, Adam Boyes, definiu essa transição da seguinte forma: “Se pensarmos nas marcas de games como canais, a PlayStation seria a HBO, a Microsoft seria a Netflix e a Nintendo, a Disney.”
Sob esse ponto de vista, a Microsoft parece estar mais focada em ampliar sua base de usuários do que em promover vendas exclusivas de consoles. A compra de grandes estúdios e IPs, como a Bethesda e títulos como Starfield, é um reflexo dessa abordagem.
Sega como evidência: lições do passado
Shawn Layden comparou a trajetória do Xbox com a da Sega, reforçando que a mudança para um modelo multiplataforma funciona, mas tem implicações. Para ele, o Xbox pode enfrentar desafios similares, como a dificuldade de criar laços únicos com os consumidores, algo que consoles exclusivos tendem a proporcionar mais facilmente.
Ainda assim, a Sega serve como exemplo de adaptação bem-sucedida no tempo certo. Hoje, franquias como Like A Dragon e Persona são grandes sucessos, enquanto Sonic the Hedgehog continua dominando na esfera dos jogos e do entretenimento crossmídia.
E você, o que acha? O Xbox está dando um passo ousado ou pode perder sua essência? Solte sua opinião nos comentários!