
Two Point Museum – A curadoria pode ser uma diversão ou o caos, depende de você | Análise
O fato de acessar esses novos museus, dão a possibilidade de expandir e incluir novas exposições em cada um deles
Analisado no PC
Two Point Museum é um game de simulação e gerenciamento desenvolvido pela Two Point Studios e publicado pela SEGA. O game será lançado no dia 04 de março com versões para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, porém, aqueles que adquirirem a Edição Explorador Digital terão acesso ao game já no dia 27 de fevereiro.
Como o terceiro game da série Two Point, após o clássico Two Point Hospital e Two Point Campus, o tema agora é a curadoria de museus, e pode apostar que o humor e a piração característica da série se faz presente. Two Point Museum oferece dois modos de gameplay, sendo divididos entre carreira e sandbox, vou falar do segundo modo primeiro por ele ser mais direto. No Sandbox o jogador pode escolher entre cinto localidades do Condado de Two Point, cada uma delas em regiões distintas com temáticas e estilos de museus diferenciados, além disso, ajustes de gameplay como quantidade inicial de dinheiro, dificuldade, risco de roubos e deixar todo o mapa liberado estão entre elas. Vale ressaltar que o game – assim como eu – recomenda que novos jogadores não comecem por esse modo, uma vez que ele não vai ter nenhum tipo de tutorial explicativo e se o jogador não conhecer as necessidades dos item da coleção isso será um problema.
O segundo modo, Carreira, para mim é mais interessante, desafiador e até mesmo legal, enquanto no Sandbox você pode criar um museu megalomaníaco e todo detalhado ao seu bel prazer, no modo Carreira as coisas são mais orgânicas e tudo vai acontecendo conforme a necessidade. Aqui você começa como um curador novato que é contratado pela Fundação para gerir um museu na região Memento Mile, no Condado de Two Point, esse pequeno museu é focado em peças da pré-história e através da sua curadoria a Fundação espera transformá-lo num sucesso.
O gameplay de Two Point Museum gira em torno de alguns pilares como explorar, exibir, cuidar e expandir. Vamos por partes, para o museu ganhar prestígio será necessário ter mais e melhores peças de exposição, quando isso acontece o publico visita o museu, buscar por informações daquela peça e se for de seu agrado fazem doações, além disso, esse público vai buscar por alimentação e souvenirs para levar para casa. Outro ponto que vale destacar é que diferentes peças de exposição possuem diferentes necessidades, essas que são divididas em 3 categorias, sendo elas, burburinho – quantidade de entusiasmo capaz de causar no público, conhecimento – o quanto pode oferecer de informação ao público e decoração – ela está bem decorada, tem itens que fazendo sentido com o seu tema?
O funcionamento do museu depende da contratação de funcionários, eles são de 4 tipos: o especialista é o profissional focado em cuidar e encontrar novas peças para exibição no museu, além de ser o analista de peças para obtenção de mais conhecimento, já assistentes trabalham em áreas administrativas, como bilheteria do museu, loja de presentes e quiosques de comida, os zeladores cuidam do museu, são os responsáveis pela limpeza, manutenção de equipamentos, aprimoramentos, instalação de vantagens nas peças e trabalho na oficina para criar novos itens e por fim, mas não menos importante temos os seguranças, esses são responsáveis por manter a ordem, proteger as peças de vândalos e ladrões, coletar as doações nos stands e trabalhar nas salas de monitoramento. Todos esses profissionais tem a possibilidade de ganharem níveis de experiência conforme trabalham e cumprem tarefas, ao subir de nível eles ganham um espaço para aprendizado que pode ser feito na sala de treinamento, com algumas opções disponíveis a depender do profissional e o seu nível no game, além disso, ao subir de nível e cumprir um novo treinamento é esperado um ganho salarial, por isso, o equilíbrio entre treiná-lo e obter um melhor profissional mas ter um gasto maior com ele vai ser ponto que deve ser trabalhado pelo gestor.
Nesse modo carreira a fundação lhe dará metas a serem cumpridas para a expansão e melhoria do museu, isso inclui explorar novas áreas do cinturão do osso (um dos mapas do game) para organizar expedições. Essas expedições são formadas por alguns profissionais como especialistas, assistentes e zeladores, a depender da região a ser explorada, além disso, alguns requisitos poderão ser necessários para acessar algumas áreas, como por exemplo, um especialista com habilidade em sobrevivência ou habilidade topográfica, outra necessidade pode surgir com o uso de ferramentas que poderão ser criadas na oficina.
Durante as expedições podem acontecer imprevistos, por isso é bom levar um kit de primeiros socorros, mas nem sempre ele será necessário a depender do nível dos profissionais envolvidos, outros dilemas podem ocorrer e quando acontece você será acionado para ajudá-los a sair da enrascada, as vezes da bom, as vezes não, é um risco a se correr. Quando a expedição retorna além do item coletado é feito um relatório de como foi a aventura, quanta experiência cada envolvido recebeu, se ele se feriu, pegou alguma doença e coisa do tipo, além disso, é hora de abrir a caixa, nela pode conter um item de qualidade média, ótima, épica e impecável, nessa ordem de nível, isso vai depender muito de quão conhecida é aquela região que foi explorada, do tempo da expedição e do nível dos profissionais enviados.
Se uma peça foi coletada mais de uma vez, o que pode correr, você como curador do museu tem 3 opções, substituir a sua de menor qualidade pela nova se ela for melhor, vende-la por um preço de mercado ou ainda a mandar para a análise por um especialista para ganho de mais conhecimento sobre aquela peça, aumentando um dos índices que citei lá no começo sobre os itens de exposição. Já quanto aos envolvidos na expedição, quase sempre eles voltam bem e apenas vão descansar, porém, podem acontecer ferimentos, esses devem ser tratados na sala dos funcionários, sala essa que oferece um momento de descanso para todos os funcionários, com comida, água, diversão e conforto para os funcionários relaxarem e voltarem ao serviço. Se eles voltarem doentes precisam ser enviados para tratamento em outra localidade.
Conforme o jogador progride no museu de Memento Mile, a fundação decide que você deve alçar novos voos e te oferece outros museus para cuidar, são mais 4 regiões, eu vou falar apenas de dois para evitar spoilers, uma vez que os outros dois só vão ser liberados bem adiante na carreira. Passwater Cove fica no litoral e sua função é gerenciar um museu aquático, o funcionamento é quase idêntico, com a diferença da construção e manutenção de tanques aquáticos e claro, os itens de exposição são marinhos, como peixes exóticos, estrelas do mar, peças de exposição naufragadas, ruinas e coisas do tipo, um novo especialista é necessário, esse focado em vida marinha. O segundo local é o Alojamento Wailon, uma antiga mansão/hotel mal-assombrado onde seu foco é cuidar e expandir um museu sobrenatural. Aqui o profissional focado no submundo vai coletar nas expedições itens como espíritos de diferentes épocas, seres sobrenaturais, objetos macabros e outros possuídos, os zeladores terão a opção de serem treinados para caçar e coletar almas fujonas, no melhor estilo caça fantasmas.
O fato de acessar esses novos museus, dão a possibilidade de expandir e incluir novas exposições em cada um deles, você agora pode acessar o mapa de regiões distintas ligados a cada um desses museus e trazer peças para exibição em museus que não são “focados” naquele tema, isso vai implicar em contratar profissionais especializados nesses temas, mas isso não é um problema.
O problema em Two Point Museum, para mim, mora em três coisas. A primeira dela é o nível limitado de criação de ambientes e salas, por exemplo, o sistema é até certo nível robusto, ele oferece criação de paredes, aplicação de pisos na diagonal (de forma rudimentar, mas ok), instalação de papel de parede, pórticos temáticos de áreas do museu, passagens com detector de metais para maior proteção, instalação de janelas, paredes diagonais, etc. Mas o problema mora na criação das salas, áreas como banheiros, lojas, cafeteria, sala de monitoramento, marketing, análise, oficina, funcionários, sempre serão com os cantos quadrados, perdendo toda a estética de uma parede diagonal por exemplo, isso é um pouco chato, as salas aqui no game funcionam como blocos que podem ser movidos, copiados ou usados como modelos, esse deve ser um dos motivos de ser assim.
A segunda coisa é relacionada com o gerenciamento financeiro entre entradas e saídas de dinheiro, por muito tempo meu museu só obtinha lucro, lucro e lucro, isso porque eu estava sempre expandindo e trazendo novos itens, porem com o passar dos anos o aumento de salário quase que constante pedido por todos os funcionários e a estagnação do números de visitantes passaram a trazer um desafio bastante complicado de gerenciar para não fechar todos os meses no vermelho, por mais que eu aumentasse os preços de todos os itens do museu não era o bastante para suprir a conta dos funcionários, além disso, até onde eu consegui jogar (e não foi pouco +30h), em nenhum local eu passei do número de 400 visitantes simultâneos, não sei dizer se isso é uma limitação do game, baseada em hardware ou espaço do museu. E por fim, a Two Point Radio poderia ser mais variada, não que ela seja ruim, pelo contrário, as músicas são agradáveis, a locução é boa, as entrevistas são engraçadas, mas falta algo, no mesmo estilo que a Paradox Interactive e a Colossal Order aplicaram várias rádios temáticas ao Cities Skylines, até mesmo com trilhas de outros games da publisher, a SEGA e a Two Point Studios poderiam fazer algo similar para adicionar variedade.
Em contrapartida Two Point Museu é um game bonito, dentro do seu estilo, ele segue os modelos característicos dos demais games da série, mas com seu charme próprio, como se fosse uma evolução, a atenção aos detalhes e qualidade dos itens no game é muito boa, as peças de exposição costumam ter detalhes muito bem apresentados, principalmente as que são animadas. A parte sonora apesar do que citei sobre a rádio é bastante detalhada, com zoom no museu é possível ouvir diferentes sons vindos de algumas atrações, de máquinas de vendas de comida e claro do público, outro ponto que merece atenção é a música que toca no mapa das expedições, que muda levemente conforma região a ser explorada, ficando mais ligada ao tema daquela área.
Ufa, eu ainda poderia escrever por mais umas 500 palavras para descrever inúmeras possibilidades que o game pode oferecer, mas para não me estender ainda mais, Two Point Museu é mega divertido, viciante, você nunca sabe qual novo item maluco pode adquirir, se eu puder dar uma dica é, tente sempre maximizar os três itens pedidos pelos itens expostos e deixe a criatividade fluir, apesar de algumas coisinhas chatas o game é fantástico, outro grande acerto da Two Point Studios, recomendo demais.