Far Cry 6 – Você sabe qual a definição de Insanidade | Análise

Temos novamente mais do mesmo, só que simplificado e com muitos bugs.

Jeferson Vasconcelos19/10/2021Última Atualização 19/10/2021

Analisado no PC

Far Cry 6 é um FPS de mundo aberto desenvolvido pela Ubisoft Toronto e distribuído pela Ubisoft. O jogo foi lançado em 07/10/2021 e está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series.

Far Cry 6 utiliza a mesma receita encontrada e bastante explorada em todos os jogos da série. O título tenta introduzir mais ação e humor a essa fórmula, entregando mais poder de fogo ao jogador já no início do jogo e introduzindo humor negro gratuito em quase toda oportunidade que tem, infelizmente temos pouca inovação e caso você já tenha jogado algum título da franquia, Far Cry 6 é exatamente mais Far Cry só que com uma “skin” diferente e muitos bugs.

Nessa jornada iremos embarcar na pele de “Dani”, um dos combatentes das forças rebeldes que luta para tentar livrar a nação caribenha de “Yara” do regime opressor do ditador “Anton Castillo”. A história é ok, mas definitivamente não é o ponto alto do jogo, assim não espere encontrar nada de especial ou épico, na verdade não tem nada de interessante o suficiente na trama que te faça querer embarcar ou voltar nessa jornada.

Apesar da história não ser lá essas coisas, Far Cry 6 mantém a tradição da série ao trazer mais um “bom” vilão. Anton Castillo é interpretado por Giancarlo Esposito (Breaking Bad, The Mandalorian) e essa não é a primeira aventura do ator no mundo dos games, visto que Esposito interpretou o vilão “The Dentist” em “Payday 2”. Em Far Cry 6, Giancarlo Esposito faz de Anton Castillo um ditador frio e calculista, capaz de literalmente fazer qualquer coisa para se manter no poder.

Quando o assunto é jogabilidade, este sexto jogo simplifica grande parte das mecânicas introduzidas nos outros jogos da série, ao mesmo tempo que dá muito poder de fogo ao jogador já bem no início do jogo. Logo no começo é possível notar as diferenças, o sistema de habilidades sai fora e dá lugar a roupas e acessório que ditam os melhoramentos e fraquezas do personagem, estes itens podem ser equipados e substituídos a qualquer momento do jogo e isso acaba sendo uma ação necessária visto que as diferenças entre eles são significativas e dependendo da atividade que o jogador estiver realizando eles fazem a total diferença entre um simples passeio ou uma dor de cabeça.

Outra grande novidade é que o sistema de caça foi modificado e o melhoramento de itens e armas não está mais diretamente ligado a ele. A principal mudança aqui é que não é mais necessário esfolar o animal abatido, para pegar a sua pele basta chegar perto da carcaça. Para se conseguir armas e equipamentos, basta explorar o e achar as caixas escondidas pelo mundo, outra alternativa é coletar recursos para melhorar suas bases e liberá-los para compra em NPCs de venda. Basicamente a caça em Far Cry 6 só serve como uma forma para se conseguir alguns recursos e algumas melhorias nos NPCs de troca e na “cozinha”, infelizmente quem gostava de realizar essa atividade nos outros jogos ganhou um desincentivo neste título, contudo quem odiava perder tempo nessa atividade vai amar o novo sistema.

Como disse mais acima, ao contrário dos outros jogos nesta sexta entrada, temos muito poder de fogo já no início da aventura e os responsáveis por esta capacidade destrutiva são o “Supremo” e os “Amigos”. O Supremo é basicamente uma mochila que você carrega a todo momento e que te proporciona uma habilidade extra dependendo da escolha que fizer. Temos desde uma chuva de mísseis, um gerador de pulso eletromagnético, uma espécie de mini jetpack e até um “kit médico”, esta mochila é o suficiente para fazer com que o jogador sempre tenha uma carta na manga durante os combates, seja causando dano massivo em área, desligando todos aparelhos e veículos ou tendo uma segunda vida.

Se o Supremo não for o suficiente é só recorrer a ajuda de seus “Amigos”. O jogo introduz pets “Amigos” para lutar ao seu lado, temos desde os tradicionais “doguinhos”, até um jacaré, galo de briga e animais selvagens. Cada um dos “Amigos” possui habilidades diferentes, indo desde ataques furtivos, distrações e até desenterrar itens e recursos, os “Amigos” tem vida e dependendo do combate eles podem te ajudar ou atrapalhar, por isso pense bem antes de comandá-los.

Quando o assunto são gráficos Far Cry 6 não faz feio nem um pouco. A Ubisoft acertou ao criar uma ilha linda, Yara é a típica ilha caribenha de filmes, temos muita floresta, belas praias e aquele belo mar, uma combinação que cria a oportunidade para belas fotos. Além das belas paisagens, o jogo traz belos modelos com vários detalhes, indo dos personagens aos itens do cenário. O único ponto ruim é que falta suporte a monitores ultrawide e durante as cutscenes a imagem fica esticada e estranha ou aparecem as famosas tarjas pretas na tela.

Um jogo bonito geralmente requer hardware potente, mas esse não é o caso aqui. Apesar de “pesado”, o título vem com suporte ao AMD FidelityFX Super Resolution (FSR) que tem suporte para qualquer placa de vídeo seja Radeon ou Nvidia. A introdução do FSR traz um alívio para os jogadores com hardware intermediário ou de entrada, ao ativá-lo você irá trocar um pouco de qualidade de imagem por mais frames, a melhora é substancial e se deixar o FSR em qualidade ultra é quase impossível notar a diferença gráfica durante a jogatina. Mesmo com um PC rodando o título em qualidade alta com folga e sempre acima dos 60 quadros, o FSR me proporcionou ganhos mínimos de 10 frames, algo que é relevante e interessante para quem tem monitores de 144hz ou mais.

Jogos da Ubisoft sem bug ainda não existem e infelizmente esta foi a minha pior experiência relacionada a bugs com os jogos da franquia, Far Cry 6 foi uma festa de bugs do início ao fim, com vários rage quits (alt+f4) durante a jogatina. Para começar por algum motivo o jogo não conseguia salvar nenhuma das configurações, por isso toda vez que eu o abria era necessário configurar o vídeo, idioma e controles. O problema com as configurações era só a ponta do iceberg, durante toda a campanha eu tive de conviver com vários bugs que me forçaram a ter de reiniciar do último ponto salvo.

Uma das coisas que mais me irritou foi o fato de ser comum objetivos e até missões inteiras não atualizarem. Ao concluir os requisitos simplesmente nada acontecia aí o jeito era reiniciar o último save e tentar de novo, caso eu continuasse a jogar depois de “completar’ uma atividade como ponto de controle ou base “bugados”, a cutscene de conclusão às vezes aparecia aleatoriamente durante outra missão ou atividade. Agora o que mais me irritou e me fez apertar (alt+f4) várias vezes, foram as missões que tinham algum objetivo ou etapa onde era necessário seguir algum NPC, basicamente nestas etapas sempre acontecia alguma destas situações, o NPC ficava parado e não fazia nada, ou ele andava para o lado errado e parava, ou ele andava para o local correto e nada acontecia, ou o pior o NPC ia para o caminho correto mas no meio do percurso ele parava e desistia de andar ou entrava em modo de combate e parava sem ter nenhum inimigo por perto. Ter de reiniciar uma ou duas vezes já é ruim, agora imagina ter de reiniciar sempre, toda vez que a missão atualizava para seguir o NPC já me vinha aquela dor de cabeça, infelizmente minha experiência com Far Cry 6 foi diretamente impactada pela frequência com que estes problemas ocorriam.

No final Far Cry 6 é mais um título onde a Ubisoft utiliza sua velha tática de “time que está ganhando não se mexe”, o jogo tem belos gráficos, porém uma história fraca, a jogabilidade é repetitiva sem esquecer dos vários bugs. Falta algo novo, quem nunca jogou Far Cry terá uma experiência diferente, agora para quem já é veterano da série é só mais do mesmo com uma skin diferente. O preço cobrado é bastante salgado pelo o que o jogo entrega, assim se você se interessou eu recomendo que espere por uma promoção generosa, pois afinal “Do you know the definition of Insanity?” (Você sabe qual a definição de Insanidade?).