Gotham Knights – Boa história que sofre com o gameplay | Análise
A nova aventura não é uma sequência dos jogos anteriores do Batman
Analisado no PlayStation 5
Anunciado no evento DC FanDome em 2020, produzido pela WB Games Montreal, finalmente Gotham Knights chega aos donos de PlayStation 5, Xbox Series X | S e PC.
Exclusivo da nova geração de consoles com legendas e dublagem em PT-BR, temos um título com boa história, diversos conteúdos, mas com o enorme peso de “game genérico” e a pergunta que fica é: será que realmente Gotham Knights vale a pena?
Não há como negar que o universo da DC é rico em detalhes e com personagens históricos que dispensam apresentação. Partindo deste princípio, os desenvolvedores da WB Games Montreal souberam aproveitar esse emaranhado universo para criar uma convincente narrativa e esse talvez seja o principal ponto do título.
Como já demonstrado em diversos trailers, Gotham Knights se passa logo após a morte do Batman e aqui vale ressaltar a belíssima introdução ao triste desfecho do herói. Capuz vermelho, Robin, Batgirl e Asa Noturna assumem o manto e com o dever de justiça, irão percorrer a vasta cidade de Gotham em busca de uma explicação sobre quem realmente está por trás dos acontecimentos que ceifaram a vida do Cavaleiro das Trevas e logicamente combater o crime.
A nova aventura não é uma sequência dos jogos anteriores do Batman, o que é um bom sinal pois a Trilogia Arkham além de muito querida pela comunidade gamer, teve seu arco encerrado e não faria sentido estendê-lo.
Como já mencionado acima, o universo da DC é vasto e em Gotham Knights não há qualquer receio em falar de forma direta de personagens importantes como Superman, Mulher Maravilha ou Flash e os diálogos com os quais Capuz Vermelho, Robin, Batgirl ou Asa Noturna os citam são ótimos com direito a piadinhas e trocadilhos na medida.
As personalidades distintas entre os 4 heróis são escancaradas e propositais uma vez que o jogador poderá seguir as missões usando a furtividade do Asa Noturna, ignorar o silencio atirando e explodindo tudo a sua volta com o Capuz Vermelho ou a bela Batgirl com seus movimentos harmoniosos e fatais. Essa discrepância entre caráter e trejeitos é muito bem explorada e aumenta consideravelmente o fator replay.
O mundo aberto de Gotham com seus painéis em neon que mais lembram cenários cyberpunk lotados de locais inóspitos para visitar, trazem uma real dimensão do quão grande são as opções de arcos narrativos que o jogador pode optar, mas é aqui temos o primeiro grande problema.
As rondas noturnas nas primeiras 4 ou 5 horas de jogo são bem amarradas e primordiais para que os personagens possam evoluir em seu level, porém, ainda que o desenrolar da história aconteça com fluidez a sensação de “mais do mesmo” é inevitável. Opções começam a pipocar no mapa e o excesso de informações e escolhas podem facilmente desviar o foco de quem pretende seguir com a missão principal.
Não há problemas quanto a liberdade de escolha ou até mesmo a quantidade de coisas a se fazer se não fosse a nítida sensação de inchaço de conteúdo com o intuito de focar exclusivamente na progressão dos personagens. O lootbox traz uma enorme variedade de equipamentos e armaduras que por sinal dão um show à parte no visual e na customização
Os 4 personagens sobem de nível de forma conjunta assim como boa parte das armas, o que é bem satisfatório, porém, fica evidente que tanto equipamentos quanto armaduras mais imponentes ou raras não serão ofertadas de forma tão simples.
A saga Arkham tinha uma gameplay viciante e a robustez dos combos aplicados pelo Batman realmente criavam uma atmosfera desafiadora, mas Gotham Knights pode decepcionar alguns jogadores por ser algo simples, mas funcional.
O que temos são comandos básicos onde pressionar o botão de ação faz com que os golpes sejam carregados permitindo assim que o jogador alterne entre socos e chutes fracos ou fortes. Cada personagem tem seu equipamento principal e que pode ser alterado conforme o ganho de xp. Acrobacias e movimentos especiais estão presentes e de início são muito convincentes, mas caem no repetidíssimo após algumas horas de gameplay.
As habilidades desbloqueadas ao longo do modo campanha são fundamentais para enfrentar os desafios do enorme mapa de Gotham e utilizar o modo stealth podem triplicar a pontuação ao final de uma missão, tanto nas principais quanto nas secundarias. Outro ponto a se destacar é que existe a opção de se locomover pelos prédios da cidade com um gancho, planador e a super batmoto.
Vale salientar que Gotham Knights pode ser jogado sozinho ou com um amigo através do modo cooperativo online (co-op) para dois jogadores e ainda alternar entre os heróis, bastado apenas retornar à sua base dentro da torre do relógio no Campanário para trocar de personagem sempre que quiserem. Infelizmente ainda sem previsão para suporte cross-play.
No quesito gráfico temos o calcanhar de Aquiles de Gotham Knights e não por estarem ruins e sim por não ser exatamente nada exuberante que justifique a ausência na antiga geração de consoles. A WB Games Montreal até tentou explicar sua escolha, mas não convenceu além proporcionar uma recepção ruim visto que a previsão inicial era lança-lo para PlayStation 4 e Xbox One.
Outro fator que pesa negativamente e soa como falta de coordenação dos desenvolvedores é não ter a opção do modo desempenho fazendo com que o game rode somente a 30fps. Os gráficos são de um titulo AAA com belos efeitos de luz e sombra e as armaduras dos heróis são cheias de detalhes, inclusive quando ativado o modo foto, mas não se justifica de forma alguma a ausência dos 60fps, ainda mais se tratando de consoles tão poderosos como o PlayStation 5 e Xbox Series.
Pelo menos tanto as legendas quanto a dublagem em Pt-Br estão um primor de qualidade e com bons diálogos entre os heróis, prendem a atenção e trazem um certo alivio aos que gostam de acompanhar com detalhes o desenrolar da história.
Dentre os 4 vigilantes, Robin é mais sensato quando está com o grupo de heróis analisando os próximos passos, o mesmo não se pode dizer do Capuz Vermelho que é literalmente o oposto agindo quase que por impulso. A entonação das vozes e o tom calmo do Alfred que aqui faz uma ótima presença são dignos de elogio.
Por fim, existe o inchaço de conteúdo que por um lado proporciona aos jogadores inúmeras horas de gameplay, mas de uma forma um tanto quanto genérica no single-player.
Gotham Knights é um dilema do tipo: poderia ser melhor? Poderia. Poderia ser pior? Poderia. Algumas escolhas realmente enfraquecem o game como o fato de não ter a opção de rodar a 60fps ou até mesmo deixar de fora os donos de consoles da antiga geração.