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Daymare: 1994 Sandcastle – Um sólido survivor horror e uma boa pré sequência | Análise

Anunciado em 2021 e com uma primeira demo disponível durante a Steam Next Fest 2022, Daymare: 1994 Sandcastle é uma pré sequência de 1998.

Analisado no PC


Daymare: 1994 Sandcastle é um jogo de ação e terror de sobrevivência desenvolvido pela Invader Studios e distribuído pela Leonardo Interactive em conjunto com a 4Divinity. O título está com data de lançamento prevista para 30/08/203 com versões disponíveis para PC, PlayStation 4|5 e Xbox One / Series X|S.

Para quem não conhece a Invader Studios é uma desenvolvedora independente italiana formada oficialmente em 2016 por amigos e profissionais que compartilham a paixão por jogos survival horror, em especial a franquia “Resident Evil”. Eles foram os responsáveis por “Resident Evil 2 Reborn” um remake não oficial do Resident Evil 2, o projeto que chamou uma grande atenção dos fãs da franquia na época e acabou sendo interrompido a pedido da Capcom por conta do anúncio oficial de “Resident Evil 2 Remake”.

Daymare 1994 Sandcastle

Para não jogar fora todo o trabalho já feito, os desenvolvedores adaptaram o projeto e daí surgiu o Daymare, uma trilogia que começa com 1998, um jogo survival horror que conta com bons puzzles, mas que assim como vários indies peca em alguns quesitos que geraram várias críticas por parte da comunidade. Algumas reclamações foram relevantes, mas a maioria era sem fundamento, pois tecnicamente os jogadores esperavam um jogo com qualidade AAA, contudo a realidade é que a franquia Daymare está sendo feita por uma desenvolvedora indie com orçamento limitado.

Anunciado em 2021 e com uma primeira demo disponível durante a Steam Next Fest 2022, Daymare: 1994 Sandcastle é uma pré sequência de 1998. O novo título traz uma jogabilidade mais focada na ação sem perder o conceito de survival horror, temos novos mistérios e também respostas referentes aos acontecimentos de 98, nesta que é uma aventura com uma ambientação fantástica que mostra a evolução dos desenvolvedores ainda que possuam suas limitações de um estúdio indie.

Sem spoilers, em 1994 Sandcastle nós acompanhamos a jornada da protagonista Dalila Reyes, uma agente especial da H.A.D.E.S. (Hexacore Advanced Division for Extraction and Search). Reyes faz parte de um time de agentes da H.A.D.E.S. enviados em uma missão especial com o objetivo de infiltrar e recuperar uma maleta na icônica Área 51. Sim, é isso mesmo que você está pensando, a história do jogo está relacionada às teorias, mitos e lendas deste lugar, assim espere encontrar várias referências espalhadas em arquivos de áudio e documentos em uma trama que responde algumas questões, mas acaba gerando novas que provavelmente só serão respondidas em um futuro terceiro título.

Daymare 1998 trouxe uma jogabilidade inspirada em Resident Evil 2 com zumbis e vários puzzles necessários para se progredir nos mapas. 1994 muda completamente essa abordagem e agora temos um jogo focado mais na ação e sobrevivência com momentos de combate em arena, os puzzles ficam somente como objetivos secundários em armários e portas que guardam o acesso a melhorias e recursos. Para ajustar a história temos basicamente só 4 tipos de inimigos com uma mecânica de reanimação, o grande diferencial é a utilização de um dispositivo criogênico, o “Spray Frost“ necessário para eliminar certos tipos de inimigo os congelando, este que também é utilizado para apagar focos de incêndio no cenário e resolver pequenos puzzles.

Daymare 1994 Sandcastle

O ritmo de jogo é bom e no controle de Reyes temos uma boa alternância entre momentos de tensão e ação, às vezes passamos vários minutos sem ver inimigos e em outros é necessário limpar a sala para prosseguir. O combate é desafiador e parte da dificuldade está relacionada a saber gerenciar a carga do Spray e a munição de suas armas, pois como disse alguns inimigos só podem ser derrotados caso estejam congelados e como temos um suprimento limitado de recursos você precisa saber priorizar os alvos. O lado ruim é que os puzzles secundários são limitados a algumas tentativas e tem tempo limitado, caso falhe você perderá o acesso aquela estação de modificação ou recursos durante o restante da jogatina, algo que é um pouco frustrante pois alguns destes quebra cabeças têm nível de dificuldade alto e acontecem logo após um combate onde você não está mentalmente preparado para os resolver.

A ambientação está sensacional, o jogo foi feito na Unreal Engine e se aproveitando da temática, os desenvolvedores nos colocam para explorar uma base militar completa que inclui um vasto sistema de corredores, laboratórios, armazéns e outros que você precisa jogar para descobrir. Os cenários estão muito bem detalhados, temos boas texturas além de excelentes efeitos de iluminação e sombra que transmitem aquela sensação de tensão, o ambiente no geral é de baixa iluminação e você nunca sabe onde está o próximo jump scare.

Mesmo possuindo belos cenários o jogo não é visualmente perfeito e as animações denunciam o aspecto indie do projeto. No geral as animações estão OK e nada aqui é incrível, a protagonista tem movimentos de andar e ações especiais bem feitos, mas a animação de corrida é bastante artificial e carece de melhorias. Os inimigos também tem animações simples com pouca variedade, mas todas as limitações ficam mais evidentes durante as cinemáticas, pois nestas encontramos personagens com poucas expressões faciais e que geralmente conversam sem olhar na direção do rosto de quem estão falando. Estes problemas não afetam diretamente a jogatina e são mais cosméticos, mas não tem como deixar passar pois é uma prova dos limites de orçamento de um jogo indie.

Um dos fatores que contribuem para o horror em jogos de sobrevivência são os efeitos sonoros e para completar os lindos cenários, temos um áudio que traz uma boa combinação de trilha sonora, dublagem e efeitos. Desde o início é possível notar a atenção dada aos efeitos sonoros e o jogo tenta acentuar praticamente todos os sons, dos passos da personagem, aos disparos das armas e sons dos monstros, tudo está muito bem feito, as vezes passamos minutos em silencio só com os efeitos ambientes e em outros temos uma trilha para criar aquela tensão. A dublagem está boa e melhor do que a do jogo anterior, temos atores que trazem aquela emoção para cada personagem, mas a dublagem é um pouco inconsistente e às vezes é possível notar uma desconexão entre o timbre da voz e as ações que estão ocorrendo. Como um bônus para completar a experiência, o jogo teve sua música tema composta pelo autor italiano Alessandro Galdieri com a participação de Cristina Scabbia, uma das vocalistas da banda italiana Lacuna Coil que empresta sua voz para LONELINESS, uma faixa que combina muito bem com a temática do jogo.

Diferente de seu antecessor que tinha problemas de otimização, Daymare 1994 tem um desempenho sólido, o jogo está bem otimizado com suporte a resoluções ultrawide e para turbinar os quadros temos as tecnologias de upscaling NVIDIA DLSS, Intel XeSS e AMD FSR a disposição do jogador. Infelizmente não temos informações sobre as versões das técnicas de upscaling, mas durante nossa jogatina não foi preciso utilizá-las e o jogo se manteve em qualidade máxima com quadros estáveis na maior parte do tempo. Tivemos algumas quedas que ocorreram em alguns locais específicos, geralmente antes de alguma cutscene e por incrível que pareça nunca durante o combate ou momentos de maior movimentação. O jogo não traz requisitos poderosos e acredito que será possível jogar com uma boa qualidade mesmo em máquinas mais modestas.

No final, apesar de suas limitações, Daymare: 1994 Sandcastle não só traz uma sólida experiência survivor horror, como é uma boa pré sequência que mostra a considerável evolução do estúdio entre os seus dois títulos. Ainda não temos um preço definido para o jogo, mas pela experiência que tivemos eu posso recomendá-lo a todos que gostaram do primeiro e querem saber mais sobre a história, ou para todos os fãs do gênero survivor horror.

Confira no vídeo abaixo o começo de Daymare: 1994 Sandcastle:

Daymare: 1994 Sandcastle

8.5

Nota

8.5/10

Positivos

  • Gráficos
  • Efeitos sonoros
  • História
  • Desempenho

Negativos

  • Animações
  • Puzzles limitados

Jeferson Vasconcelos

PC Gamer desde os anos 90, entusiasta de VR que não consegue ficar sem jogar os velhos consoles. Aguardando há anos pelo próximo Lineage
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