Bloodhound – Um shooter que tenta ser retrô de uma forma diferente | Análise
Apesar de não deixar a melhor das impressões, Bloodhound entrega uma experiência que consegue divertir quem gosta do gênero por algum tempo.
Analisado no PC
Bloodhound é um boomer/arena shooter desenvolvido e distribuído pela Kruger & Flint Productions e lançado para PC em 18/07/2023 e recentemente para PS5, em 28/06/2024.
O gênero boomer shooter foi reacendido desde o reboot de Doom em 2016 e nos últimos anos, nós tivemos o lançamento de vários títulos inspirados nas mecânicas da velha guarda dos jogos de tiro. Seguindo o estilo retrô até demais, Bloodhound é um jogo que diverte, mas que não transmite a melhor das impressões.
Tecnicamente não temos uma história a ser desenvolvida. O jogo começa com uma pequena tira que mostra um confronto entre personagens e pelos acontecimentos sequentes, em Bloodhound nós jogamos como um guardião que precisa parar cultistas que estão causando caos com portais para o inferno.
O jogabilidade é um mix inspirado nos jogos da velha guarda como Doom e Painkiller, mas a apresentação está longe de ser das melhores. Começamos o jogo apenas com uma pistola e uma faca, mas bastam poucos minutos para nosso arsenal ser expandido para uma vasta gama de equipamentos, ou seja, progressão e segredos aqui não existem, ao invés disso temos o foco na ação que chega no formato de arena shooter.
Já de início é possível notar o formato da jogatina e a dinâmica de jogo de Bloodhound se resume a ter de enfrentar múltiplas hordas de inimigos sempre que avançar para uma área, ativar algum mecanismo, ou coletar algum item chave/equipamento. Os mapas são lineares com muitos recursos espalhados pela área, mas sem nenhum tipo de puzzle ou segredo, bastando o jogador apenas ativar alavancas ou coletar chaves separadas em cores para abrir as novas áreas, itens e mecanismos estes que basicamente irão aparecer na sua frente conforme você avança.
Com uma inspiração nos clássicos shooters, o ritmo de jogo é acelerado com uma trilha sonora baseada em heavy metal e o vasto arsenal de armas sendo complementado por habilidades temporárias que incluem a possibilidade de empunhar uma segunda cópia da arma, melhorias de vida, redução da velocidade/tempo e balas infinitas. No papel esta é uma combinação para deixar qualquer fã do gênero empolgado, mas na realidade a experiência está longe de ser das melhores.
No geral, Bloodhound passa a impressão de ser mais um projeto de game jam com assets de loja do que realmente um produto finalizado. O jogo diverte inicialmente, mas bastam alguns minutos para perceber as inconsistências que vão desde a falta de animação de recarga de armas, a inexistência das mãos do nosso personagem, as armas que não passam a impressão de peso nos disparos e tem dano inconsistente com algumas sendo bastante fracas, as animações de combate no geral também não são das melhores, o sistema de balística que é um tanto inconsistente e os modelos dos inimigos que são sexualizados de forma a tentar desviar a atenção aos problemas.
A ausência de mãos para o personagem e de outros recursos podem ser justificados pela inspiração em jogos como Painkiller que não as utiliza, contudo aqui a impressão é a de ser apenas uma desculpa para poupar tempo e não ter de lidar com as animações e modelos, até porque diferente dos outros jogos icônicos do passado, os cenários e os inimigos aqui não estão bem feitos e o gênero evolui com o passar do tempo fazendo o uso dos recursos que fazem falta aqui. Para piorar a situação o jogo é demasiadamente curto, podendo ser completado em poucas horas dependendo da dificuldade escolhida, levando a crer que a escolha do estilo arena shooter foi feita para tentar aumentar o tempo de jogo.
No final, apesar de não deixar a melhor das impressões, Bloodhound ainda entrega uma experiência que consegue de certa forma divertir quem gosta do gênero por algum tempo. O preço cobrado é salgado pela experiência, sendo este um boomer/arena shooter que acaba ficando bem abaixo da média de outros jogos que jogamos neste gênero e por este motivo, eu prefiro recomendá-lo somente para quem se interessar, do contrário é melhor partir para outro título.