
Split Fiction – Criativamente brilhante! | Análise
É impossível ficar entediado com esse jogo, com tamanha variedade de cenários, situações e puzzles.
Analisado no PlayStation 5
Nos dias de hoje, minha maior reclamação entre meus amigos tem sido o quão individualista os games se tornaram, uma vez que encontrar um multiplayer local se tornou tarefa difícil, agora é tudo online! Tirando os games de luta e corrida, com muita dificuldade encontramos títulos de aventura, ação ou terror que contemple sentar-se no sofá com alguém especial para passar boas horas jogando e trocando ideias sobre o que está sendo vivido.
Para quebrar esta dinâmica que distancia as pessoas mais próximas, a Hazelight nos agraciou com A Way Out e It Takes Two, que são títulos maravilhosos que cativaram e se tornaram essenciais para jogadores que gostam dessa proximidade real. Estes jogos atingiram patamares mais altos, focando em diversidade, com jogabilidade e estilo, que associados com uma trama bem amarrada, se tornaram épicos.
Visto isso, agora temos Split Fiction, que trilhando o caminho já pavimentado por seus sucessores, entrega uma aventura plena, que em todo o trajeto, se propõe a impressionar quem está jogando, ampliando suas ideias e nos mostrando o quão vasto é o setor criativo dos profissionais envolvidos.
Em Split Fiction vamos conhecer a histórias de duas mulheres escritoras, que acabam envolvidas numa série de confusões com outros escritores. Elas são chamadas por uma empresa que prometeu um contrato em virtude de suas histórias, porém, era tudo uma cilada: A empresa tinha o propósito de “roubar” as ideias delas por meio de uma máquina projetada e comandando pelo CEO da empresa, James Rader.
Mio, uma das protagonistas é a típica mulher desconfiada que já sofreu um bocado na vida, portanto, ela passa a desconfiar dos discursos e da conduta de Rader, recusando-se a fazer parte do processo. Durante sua resistência, ela caba caindo acidentalmente na cápsula de Zoe, criando glitches no equipamento, que por sua vez, as conectam uma com a outra. Agora, presas em uma realidade virtual, ambas precisam unir forças para consertarem o problema, voltar ao mundo real e desmascarar a empresa que está tentando roubar suas ideias.
Split Fiction apresenta uma narrativa bem forte, que vincula as protagonistas que gradualmente vão entendendo suas personalidades antagonistas, utilizando suas diferenças como pessoas e como artistas para se sobressaírem em um universo tão cheio de peculiaridades. Enquanto Mio é a típica azarada, realista e concisa, Zoe é toda felizinha, otimista e sempre aberta a novas amizades. E essas personalidades são expostas propositalmente, para que sintamos muito mais simpatia por Zoe e antipatia pela Mio, entretanto, o amadurecimento da jornada das duas estabelece um equilíbrio na relação entre elas e com os jogadores.
Cheio de variedade na gameplay, Split Fiction apresenta diversas ideias dentro de uma estrutura básica que consiste em entrar nas histórias de Mio e Zoe, de forma alternada, uma em cada capítulo, sendo necessário enfrentar muitos desafios e derrotar inimigos até alcançarmos o glitch e sermos teletransportados para uma próxima fase.
Essa dinâmica de troca de histórias é muito interessante, e não nos limita a seguir um único tema por capítulo, conforme avançamos, é possível se aventurar em histórias secundárias da outra personagem, sem que deixemos de explorar o capítulo como um todo. É de fato impressionante a quantidade de ideias, situações e mecânicas aplicadas em Split Fiction, as histórias paralelas funcionam como um potencializador de qualidade.
Joguei Split Fiction com a minha sobrinha, com quem também joguei A Way Out e It Takes Two, e foi uma das experiências mais divertidas que tivemos. Horas e horas de gameplay coop local com muita risada e interação. Algo interessante nesse título, é que os puzzles são tão orgânicos e dinâmicos, que eles nos atingiam alternadamente, permitindo que cada um liderasse vez ou outra, visto que ele trabalha diferentes tipos de inteligências e raciocínios.
A jogabilidade de Split Fiction é muito fluída, com controles absurdamente responsivos, tornando a jogatina muito mais satisfatória. Os saltos e as manobras de parkour são bem elaboradas e desenvolvidas. Graficamente, o jogo é lindíssimo, possui um refinamento que é um claro reflexo do orçamento mais encorpado da EA, o que resultou em cenários mais realistas, com cores vibrantes e localizações bem polidas com texturas muito refinadas.
Por último, mas não menos importante, a localização do idioma legendado em Português-BR é sensacional! Figuras de linguagem, gírias e expressões foram fielmente utilizadas, oferecendo um apelo emocional marcante, principalmente nos momentos de humor. Só pecou em não terem dublado, porque aí, seria imbatível!
Para finalizar, vamos aplaudir a Hazelight que mais uma vez acertou em cheio. Split Fiction vai manter sua atenção do começo ao fim. É impossível ficar entediado com esse jogo, com tamanha variedade de cenários, situações e puzzles. O jogo é uma obra prima visual, mecânica, sonora e certamente vai ficar martelando positivamente na sua cabeça, assim como está fazendo na minha, tornando um dos mais ou quem sabe, o título mais legal de 2025!