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Daymare: 1998 – Não é Resident Evil, mas queria ser | Análise

Daymare é um bom survivor horror e recomendo aos fãs do gênero, confira nossa análise.

Analisado no PC

 

Daymare: 1998 é um jogo de survival horror em terceira pessoa, desenvolvido pela Invader Studios, distribuído pela Destructive Creations, All in! Games, está sendo lançado hoje, data da publicação desta análise (17/09/2019) e esta disponível para PC, mas existem planos para versões de PS4 e Xbox.

Uma pequena cidade do interior, adicione uma grande companhia de biotecnologia, vírus, zumbis e temos mais um título da franquia Resident Evil. Não, espera aí. Para falarmos de Daymare, precisamos começar pela Invader Studios.

A Invader Studios é uma desenvolvedora independente italiana, foi formada oficialmente em 2016 por amigos e profissionais que compartilham a paixão por jogos survival horror, em especial a franquia “Resident Evil”. Eles estavam trabalhando no “Resident Evil 2 Reborn” um remake não oficial do Resident Evil 2 em 3D, o projeto chamou uma grande atenção dos fans da franquia e teve quer ser interrompido a pedido da Capcom após o anuncio do jogo oficial “Resident Evil 2 Remake”.

Após a interrupção do projeto, eles decidiram modificar o projeto e criaram o “Daymare: 1998”, o novo projeto tenta trazer as mecânicas e nostalgia dos primeiros jogos da série “Residente Evil”, aliados a uma jogabilidade e gráficos modernos. O novo jogo contou até com a consultoria de Kazuhiro Aoyama (Diretor de Resident Evil 3: NEMESIS) e Satoshi Nakai (Líder designer de inimigos da série Resident Evil).

Assim como na franquia da Capcom, temos um inventario que aqui fica em um P.D.A no antebraço dos personagens, nele podemos combinar e criar novos itens, temos acesso ao mapa e a saúde do personagem. Durante a campanha podemos abrir portas, armários, um sistema de “baú” para guardar os itens e temos que resolver puzzles.

A história de Daymare é contada em três pontos de vista, durante o jogo iremos alternar entre os 3 personagens. “Liev” um agente especial da H.A.D.E.S. (The Hexacore Advanced Division for Extraction and Search), “Sam Walker” um guarda florestal que sofre de “Daymare Syndrome” e precisa tomar remédios para controlar suas alucinações e por último “Raven” um piloto de helicóptero que trabalha para a Hexacore.

Sem maiores spoilers, a trama do jogo envolve a Hexacore (empresa de biotecnologia) e os acontecimentos na cidade de Keen Sight. Começamos com Liev e temos que recuperar amostras de vírus em um laboratório que foi comprometido, a história começa fraca e vai se arrastando até o final do jogo, mas após os créditos finais aparecemos em um laboratório com visão em primeira pessoa e aqui descobrimos um grande “plot twist” que explica muita coisa e deixa tudo mais interessante.

A jogabilidade de Daymare trouxe novas mecânicas, mas ao mesmo tempo é travada e irritante. Durante o jogo, iremos encontrar vários consumíveis, alguns curativos e outros que fornecem melhorias temporárias, mas tome cuidado porque agora temos o fator “Overdose”. Se você abusar dos itens consumíveis, você pode ter uma overdose e acabar prejudicando sua saúde. Temos uma barra de estamina que indica o quando você pode correr rápido, preste atenção, pois ela desce rápido.

São vários puzzles, e o fator exploração é a chave para resolve-los. Praticamente toda área tem pelo menos um puzzle mais elaborado e vários outros menores (geralmente códigos de cadeados). Para resolve-los, podemos usar tentativa e erro, ou explorar e ler arquivos para encontrar pistas ou códigos. O jogo possui pouco “backtraking” e geralmente as pistas e respostas estão na mesma sala ou área do puzzle.

Outra mecânica nova é a recarga das armas, para recarregar uma arma você pode apertar o R, assim o personagem irá jogar no chão o carregador que está na arma ou você pode segurar o R assim o personagem ira trocar os carregadores sem jogar nenhum no chão. O problema aqui é que estamos jogando com personagens que tem pericia com armamento e demora demais para se trocar de arma e recarregar sem jogar o carregador no chão. Caso você opte pela recarga rápida terá que pegar o item no chão e não é algo legal de se fazer quando está cercado por inimigos.

A movimentação do personagem é travada, temos dois modos de corrida. A normal não consome estamina e a corrida rápida que consome estamina e só funciona para frente, você pode morrer facilmente porque se apertar qualquer tecla para os lados o personagem irá parar de correr e pode ficar travado.

Temos uma inconsistência com a quantidade de vida de cada inimigo. Existem zumbis com uniforme militar e proteção que morrem com dois disparos, ao mesmo tempo temos inimigos sem proteção alguma que são esponja de balas e outros que levantam várias vezes após cair. Outra inconsistência é o rastreamento dos inimigos, temos várias partes do jogo em que você chega e o gatilho é disparado, a partir desse momento os zumbis automaticamente vão ao seu encontro. Eles vão saber onde você está e vão te seguir mesmo você não os tendo encontrado anteriormente.

Olha um ponto que não posso reclamar é dos gráficos. O estúdio não possui o mesmo orçamento que a Capcom, mas consegue entregar cenários bem feitos, a ambientação está ótima, temos vários detalhes, reflexos, fumaça e claro, escuridão. Durante o jogo vamos passar por partes da cidade e laboratórios, todos possuem moveis muito bem detalhados. Os inimigos estão OK, a variedade não é muito grande, mas são bem desenhados. Infelizmente as cutscenes não acompanham os gráficos do jogo e parecem com as da geração de consoles passada, mas é algo compreensível.

O som do jogo é OK, o som das armas e monstros é aceitável, o som ambiente é legal, não temos nada de espetacular, mas não é algo que estrague a experiência, um ponto legal a destacar é que Daymare: 1998 possui legendas em português brasileiro.

O jogo possui poucos bugs e está bem otimizado. Não tive quedas de quadros e você irá conseguir jogar com os gráficos no máximo mesmo com um PC modesto. Encontrei somente 2 bugs durante a jogatina, o primeiro não é nem um bug, mas as vezes demora para a aparecer o botão de ação, e você tem que ficar bem rente ao item, principalmente para pegar itens no chão. O outro que realmente é um bug é a possibilidade de se ficar preso e travado nos cantos e esquinas, isso pode acontecer com o nosso personagem quando você vai virar um corredor e encosta na parede enquanto está correndo, também pode acontecer com os inimigos, principalmente os monstros maiores. Assim você pode ficar correndo, tentando travar o mostro em algum canto, aí é só meter bala.

Daymare: 1998 realmente foi feito tendo como base o projeto “Resident Evil 2 Reborn”, visto que no mixer de áudio do jogo aparece com o nome do projeto passado e não como “Daymare”.

Dificilmente você irá jogar Daymare: 1998 sem compará-lo com o Resident Evil 2 Remake e apesar de eu não ter gostado da jogabilidade, posso afirmar que por ser um estúdio independente e com orçamento limitado, a Invader Studios fez um bom trabalho. Daymare é um bom survivor horror e recomendo aos fãs do gênero, eu só gostaria que a história fosse se desenrolando durante o jogo e não após os créditos finais.

Daymare: 1998

8.5

Nota

8.5/10

Positivos

  • Gráficos
  • Ambientação
  • Mecânicas novas

Negativos

  • Jogabilidade
  • Historia só fica boa após o final

Jeferson Vasconcelos

PC Gamer desde os anos 90, entusiasta de VR que não consegue ficar sem jogar os velhos consoles. Aguardando há anos pelo próximo Lineage
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