Beautiful Desolation – Desolador e magnífico | Análise

Beautiful Desolation entrega exatamente o que o título sugere, uma desoladora e belíssima paisagem pós-apocalíptica

Thiago Richeliê10/07/2022Última Atualização 10/07/2022

Analisado no PlayStation 4

Isometria, é basicamente esse o conceito visual de Beautiful Desolation. Porém, associado a uma ambientação de ficção científica, rica em detalhes, instigante e complexa. Porém não entendi muito o que estava rolando ali, não vou mentir. Tiveram muitos plots twist durante a jornada, então, compreender todas as teorias de viagem temporal, aliens, inteligências artificiais sencientes e politicagem é demais para este que vos fala.

Entretanto, toda produção de ficção que se preze, não deve entregar as repostas no colo de quem está assistindo ou jogando? Muito pelo contrário, ele te movimenta, ele te faz pensar e colocar as peças em seus devidos lugares por conta própria, é só você e sua interpretação. E isso, meus amigos, o jogo faz muito bem.

Em um panorama superficial, o jogo nos apresenta um universo distópico, onde uma estrutura de outro planeta surge de forma misteriosa no céu da África do Sul na década de 70, porém o enredo não se resume a isso. Penrose, como é chamada a estrutura alienígena se torna uma base de exploração de militares sob ordens do governo. Todo o estudo em torno dessa tecnologia colabora para um desenvolvimento tecnológico bem expressivo.

O projeto Penrose se mostrou inofensivo para a maioria dos habitantes, embora ele tenha mudando a vida das pessoas para sempre, de forma extremamente expressiva. Exceto para Mark Leslie, o protagonista. Desde o dia do surgimento da estrutura foi só ladeira abaixo. Superficialmente, o jogo é sobre aliens, isso é fato, porém, temas complexos também são abordados, como depressão, alcoolismo e relações interpessoais e a forma como respondemos emocionalmente em função de decisões e perdas.

No desenvolvimento do jogo acompanhamos a evolução de uma relação estremecida entre Mark e Don, seu irmão, que juntos decidem explorar Penrose para encontrar respostas para um assunto inacabado. Em meio a sua jornada pela verdade, eles se tornam vítimas de um acidente na linha temporal, sendo enviados para um futuro pós-apocalíptico, onde os humanos foram dizimados.

Nesse novo período, existe uma nova sociedade, dividida em segmentos tribais, com culturas e regras diferenciadas. Umas são comandadas por aliens, outras por máquinas e algumas são híbridas, uma viagem doida, pode ter certeza! Nesse acidente temporal, Mark e Don acabam conhecendo uma cadela mecânica chamada Pooch que atuava como guarda em Penrose. Ela foi sugada junto com eles para o futuro, completando então um trio obstinado a voltar para seu tempo original. Pooch desempenha um papel interessantíssimo, promovendo sentimentos reprimidos, dilemas morais, tudo isso durante sua interação com ela.

O jogo também oferece a liberdade de escolhermos como agiremos durante diálogos com os NPC’s, ou seja, podemos ser gentis ou rudes.

Beautiful Desolation entrega uma amplitude de mapa excepcional, dividindo-se em regiões, tornando até um pouco complicado a decisão de ir e vir, pois é muito grande e isso chega a atrapalhar um pouco na progressão do jogo.

O jogo é realmente muito bonito, contando uma história densa, entregando personagens complexos com uma trilha sonora fantástica que se agarra a ambientação de forma simbiótica. A jogabilidade é fluída e transforma a exploração em uma experiência dinâmica. O problema pra mim, foi apenas a falta de indicação do que fazer ou para onde ir.

Para concluir, Beautiful Desolation entrega exatamente o que o título sugere, uma desoladora e belíssima paisagem pós-apocalíptica, com história rica, jogabilidade simples e plot twists insanos. Ou seja, vale muito a pena jogar se esse é um tipo de jogo que você se interessa.