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A Plague Tale: Requiem – Amicia e Hugo estão ainda mais furtivos, agressivos e oportunistas! | Análise

Começo esta análise dizendo que existe vida apenas antes e depois de A Plague Tale.

Analisado no PlayStation 5


A jornada que se inicia no primeiro título “A Plague Tale Innocence” de 2019, acompanha a história de Amicia e Hugo, dois jovens herdeiros que tem suas vidas perfeitas destruídas pela Inquisição e por uma praga de ratos misteriosa. Esse jogo nos embarca em uma história densa e cheia de reviravoltas durante o século XIV, no auge da Peste Negra e da Guerra dos 100 Anos que dizimou uma boa parte da população Europeia. Já em 2022, “A Plague Tale: Requiem” entrega melhorias incríveis. E quando falo “incrível”, é porque não dá pra crer mesmo! Tudo evolui. Os gráficos que já eram exuberantes, a história que por si só já estava estabelecida de forma muito coesa e profunda, a jogabilidade que já era leve e fluída, ficou ainda mais orgânica. Tudo isso associado a uma trilha sonora absurdamente linda e tocante.

Em busca da cura para a Macula, a doença que aflige Hugo, Amicia se vê ainda mais envolvida em suas crises de ansiedade em torno das escolhas que fez em virtude de proteger seu irmão. 6 meses após os acontecimentos do primeiro jogo, temos o vislumbre de como a conexão entre Hugo e Amicia cresce. No primeiro jogo tínhamos a primogênita vivendo, matando e morrendo pelo irmão, nesta sequência, Hugo mostra desde o início que compartilha este mesmo princípio, ou seja, ele viu e viveu muita coisa em pouco tempo e com isto, vai proteger sua irmã de tudo e todos, mesmo que signifique destruir tudo ao seu redor.

A Plague Tale Requiem

Baseados nos sonhos de Hugo, eles partem em busca de ilha misteriosa, onde habita uma fênix que guarda uma lagoa cuja água tem propriedades curativas para a Macula. Durante essa procura, somos apresentados a novos personagens enquanto observamos o abastecimento da fúria de Amicia. Neste jogo ela quer massacrar seus oponentes, fazê-los pagarem por cada gosta de suor que ela derrubou. Esse tornado de emoções é muito imersivo e te faz ponderar em um discurso agridoce que permeia o que é certo e o que é prudente, em função do contexto que se encontram. Afinal, ela ainda é apenas uma garota fugindo da Inquisição enquanto protege o irmão de soldados treinados e de uma doença além da compreensão.

A amarração narrativa imposta nesse jogo é uma grande armadilha. Você sempre fala: Vou jogar só mais um capítulo e quando percebe, já tá jogando o quinto capítulo em sequência e foi dormir tarde, comprometendo seu desempenho no trabalho na manhã seguinte (autocritica). A dinâmica dessa história torna a experiência muito singular no que diz respeito a gameplay. O direcionamento que você determina para cada capítulo oferece uma compreensão diferente de um vasto mundo de possibilidades em relação a como você reage a cada situação que Amicia e Hugo se encontram. O panorama sobre o que se sabe do mundo muda muito, de tal forma que vemos inimigos mortais se tornando aliados e até mesmo amigos que serão lembrados para sempre! E isso fica muito evidente ao longo dos 17 capítulos que o jogo apresenta.

A Plague Tale Requiem

O jogo é muito inteligente, as adições feitas são muito úteis. Diferente do primeiro jogo onde morríamos automaticamente quando um soldado nos identificava, agora temos a opção de contra atacar e atordoar os inimigos, ganhando assim um pouco mais de tempo para fugir, recolher itens ou mesmo apunhala-los. Essas mecânicas de gameplay são tão bonitas de ver. Elas ilustram de forma muito natural toda a gama de oportunidades que circundam a furtividade e agressividade de Amicia. E falando em tais virtudes, esta sequência traz uma árvore de habilidades úteis com três ramificações: Prudência, Agressividade e Oportunismo. Mas o mais interessante é que a evolução dessa árvore não depende de pontos de habilidades conquistados durante o jogo. O sistema dela se atualiza de acordo com o seu perfil, com as suas atitudes durante a gameplay.

Uma outra mecânica adicionada que se tornou fundamental, foi o Hugo ser mais funcional durante o reconhecimento de inimigos, bem como no combate. Quando há ratos por perto, Hugo inicia uma conexão com eles, podendo identificar os inimigos por trás das paredes. É possível também controlar uma pequena horda de ratos, podendo usá-los para matar soldados em locais sem iluminação próxima. Essa mecânica associada ao recurso alquímico “Extingus” de Amicia se tornaram um dos meus favoritos no jogo todo! E essa liberdade é muito ampla, pois a alquimia pode ser explorada com potes, na mão, na atiradeira e até mesmo na besta, que diga-se de passagem, é uma arma incrivelmente útil. Menção honrosa: Pirita! Essa ferramenta é sem sombra de dúvidas uma salvadora de vidas durante as emergências. Quando os ratos te alcançarem, mete o dedo no botão da PIRITA!

A Plague Tale Requiem

Embora “A Plague Tale: Requiem” seja um jogo linear, a exploração foi mais aprofundada, oferecendo mais liberdade por onde passamos, permitindo assim, uma interação mais imersiva com os ambientes propostos, bem como suas extensões como salas que levam a novas áreas. Graficamente falando, “A Plague Tale” já tinha surpreendido em Innocence, em Requiem eles fidelizaram essa qualidade, reforçando as expressões de personagens, texturas das construções e destruições, detalhes da natureza. É tudo muito caprichado. Em cenários mais sangrentos, temos um detalhamento maior do sangue, das carcaças de corpos e dos ninhos dos ratos. E toda essa experiência se amplifica com a sonorização. Algo que já era formidável no primeiro jogo, se tornou perfeito neste. As músicas durante cada cena trazem muita tensão e emoção para os acontecimentos visuais, e o barulho eu os ratos fazem são o suprassumo de tudo que já experimentei até aqui nesta vida de gamer.

Infelizmente o jogo não possui localização de dublagem em Português-BR, assim como seu antecessor, apenas legendas e texto. Isso pode alterar a experiência de quem não domina outro idioma. Um pequeno problema que identifiquei neste contexto, é que além de alguns erros ortográficos, algumas legendas não coincidem com o texto falado, mas não é nada grave, apenas uma pontuação de algo técnico.

A Plague Tale Requiem

Para finalizar: “A Plague Tale: Requiem” nos mostra que evoluções são necessárias e importantes em termos de gameplay, mas não precisa abandonar suas origens, mantendo sua essência, proporcionando experiência narrativa que prende e surpreende o jogador, de forma que a bagagem emocional fique cada vez mais pesada. Estejam avisados: apesar de suspeitar várias vezes que algo de ruim aconteceria, não existe nenhuma experiência de vida que você já tenha vivido que tenha te preparado para o final. Minha recomendação é: joguem, sintam, chorem! Esse jogo vale cada minuto!

* O jogo se encontra disponível na PS Plus de janeiro de 2024.

A Plague Tale: Requiem

9.7

Nota

9.7/10

Positivos

  • Narrativa
  • Gráficos
  • Sonorização
  • Jogabilidade

Negativos

  • Não tem áudio em Português-BR

Thiago Richeliê

Um otimista cauteloso que sofre influências da desastrosa Lei de Murphy! Fisioterapeuta, amante de Games, o louco das Séries, apaixonado por Filmes e que chora ouvindo Músicas.
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