Skull and Bones – Um “AAAA” em acesso antecipado | Análise

Skull and Bones finalmente está sendo lançado, o título entrega uma experiência que no geral é decente, mas seu conteúdo é limitado

Jeferson Vasconcelos16/02/2024Última Atualização 16/02/2024

Analisado no PC/PS5

Skull and Bones é um jogo de ação e aventura desenvolvido pela Ubisoft Singapore e distribuído pela Ubisoft. O título tem data de lançamento esperada para hoje, 16/02/2024 com versões para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

Originalmente planejado como uma expansão para Assassin’s Creed IV: Black Flag e a anos passando por um turbulento desenvolvimento, Skull and Bones finalmente está sendo lançado, o título entrega uma experiência que no geral é decente, mas seu conteúdo é limitado e remete ao de um acesso antecipado.

Como um jogo baseado em serviço “GAAS”, não temos uma campanha e aqui você começa a aventura como um pirata que acabou de naufragar e o objetivo é reconstruir e expandir sua tripulação para se tornar um rei pirata. A exploração é livre e você pode jogar como quiser desde o início, contudo apesar de não termos história existe uma sequência de missões principais que servem como um grande tutorial, nos ensinando as mecânicas de jogo enquanto realizamos trabalhos para os dois lordes piratas que controlam as duas cidades disponíveis no lançamento. Terminando os trabalhos você precisa subir o seu ranque até chegar a “chefão”, aí sim temos o conteúdo de fim de jogo liberado, sendo necessário construir e expandir seu império pirata, mas vamos falar disso mais abaixo.

Toda essa aventura acontecerá em um mapa de jogo dividido em diferentes biomas que representam o Caribe, a costa da África, as Índias Orientais e o mar aberto. O mapa de jogo não é grande e aparenta ter somente metade do conteúdo planejado, contudo apesar de ser pequeno muita coisa acontece e encontramos diferentes facções e corporações lutando entre si pelo domínio da região. Sim, é comum ver os NPCs lutando entre si e nossas ações afetam as relações temporárias com as corporações, nos impedindo de realizar transações e tornando as frotas hostis em uma espécie de barra de procurado de curta duração.

Durante a jogatina nós passamos 90% do tempo no controle do navio, onde iremos realizar missões de entrega, coleta e combate, tudo isso enquanto lidamos com um sistema de navegação semi-arcade que deixa o navio à mercê do vento e das ondas, por isso não é só apontar para um rumo e esperar, pois é necessário realizar constantes pequenos e até grandes ajustes na sua navegação, alterando a velocidade e a direção, sempre levando em conta as condições do tempo. Os outros 10% são passados a pé, andando pelos locais para conversar e interagir com NPC e também procurar tesouros em um minigame que te faz perder muito tempo, além disso é a pé que temos acesso as funções do elmo que cuidam de nosso império.

A experiência de jogo nos apresenta a um RPG baseado em PVE com um opcional de PVP. Seus sistemas de customização trazem navios separados em três diferentes categorias, sendo essas Suporte, Dano e Tank, além desses temos um barco específico para caça. Cada um dos tipos tem vantagens únicas com o Suporte aumentando a cura, o Dano trazendo efeitos especiais para as armas e o Tank sendo o mais resistente, temos poucos itens e acessórios disponíveis, mas o conjunto permite criar diferentes combinações que modificam completamente a abordagem do combate em cada um desses tipos de navio.

A maior parte do tempo em Skull and Bones será gasta realizando missões e combate contra NPCs de forma solo, ou cooperativa com outros jogadores no seu grupo, ou na sessão. O PVP é opcional e focado em eventos e contratos específicos, para conseguir infringir dano a outro jogador é necessário estar participando do evento e no atual estado o sistema está completamente desbalanceado, pois existe muito griefing, com jogadores teleportando para outpost e bloqueando caminhos das pessoas que estão nos eventos PVP.

Após conseguir atingir o nível “chefão” o elmo será liberado e o conteúdo de fim de jogo começará. O fim de jogo de Skull and Bones traz um sistema de contrabando onde o jogador precisa realizar contratos, saqueando, produzindo e entregando mercadorias em troca de moedas chamadas peças de oito que são de extrema necessidade, visto que os melhores itens estão travados atrás dessas moedas. Além dos contratos também temos um sistema de guerra com povoados e refinarias que podem ser conquistados em eventos PVP e também PVE, esses que produzem e vendem mercadorias de forma automática, gerando peças de oito após um tempo, sendo que o jogador precisa manualmente ir até o local para coletar as moedas e depois navegar até a cidade mais próxima.

Se a experiência é divertida nas primeiras 20 horas, a vontade de jogar vai acabando após alcançar o fim de jogo. O sistema do elmo é simplesmente cansativo e pouco recompensador, os itens são caros demais, a produção de moedas é pequena e o tempo gasto navegando para coletá-las é grande demais, além disso os eventos PVP que aqui são maioria, são acompanhados de pequenas áreas de combate que inviabilizam a maioria das combinações de navio. Para piorar a situação, atualmente o jogo conta com alguns bugs que atrapalham a jogatina e temos de conviver navios mercenários aparecendo em excesso durante as missões, problemas de conexão, mensagens de spam de evento bugadas, chat não funcionando e congelamento de interações que te forçam a reiniciar a jogo. Mesmo com a quantidade de testes e Betas, o conteúdo de fim de jogo aliado os problemas, mostram o caráter de acesso antecipado do título, este carece de muitas melhorias de qualidade de vida e correções para viabilizar uma melhor experiência.

Apesar do conteúdo de fim de jogo ser cansativo, pelo menos você irá repetir essas atividades enquanto observa belas paisagens. Os gráficos do jogo estão muito bem feitos, temos bons modelos, vários efeitos de iluminação com raytracing opcional e recursos de upscaling para ajudar na performance. O desempenho está bom e para completar a experiência o jogo traz uma boa trilha sonora que inclui as divertidas músicas de pirata e localização para diversas línguas incluindo dublagem para PT-BR que traz várias frases de efeito e pequenos detalhes.

No final, demorou 11 anos, mas a Ubisoft finalmente lançou a versão standalone do modo de piratas de Assassin’s Creed: Black Flag. Apesar de não ser o que todo mundo queria, Skull and Bones traz uma experiência decente que diverte por 20 a 30 horas principalmente se jogar em coop, infelizmente seu fim de jogo é cansativo e limitado, falta conteúdo que deve chegar via temporadas. O preço cobrado é salgado pela experiência e por conta do conteúdo disponível e dos problemas, eu prefiro recomendá-lo somente para quem se interessar, sendo que a melhor forma de jogar é via Ubisoft+, do contrário é melhor esperar por uma promoção.