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Heading Out – O belo visual Noir numa viagem diferente | Análise

A trilha sonora e os locutores definitivamente são pontos positivos do game

Analisado no PC


Heading Out é uma aventura narrativa com elementos roguelike, desenvolvida pela Serious Sim e distribuída pela Saber Interactive. O título foi lançado em 07/05/2024 e atualmente está disponível somente para PC.

Misturando elementos de visual novel com uma jogabilidade de corrida e visuais noir, Heading Out é uma experiência diferente que em teoria é interessante, mas na prática não sabe o que quer ser.

Sem spoilers, Heading Out é basicamente uma visual novel que coloca o jogador no papel de um protagonista que está fugindo de um medo, este que aqui é aberto a interpretações. Iniciamos o jogo escolhendo respostas para algumas perguntas e a aventura irá nos levar a vários encontros com diferentes situações, sempre com um tom de decisões éticas e morais que geralmente são baseadas nos fatos da vida. As decisões influenciam nos status base do jogador e por conta dos recursos, elas acabam de certa forma nos forçando a uma direção no mapa, mas sem uma influência no desfecho que sempre acaba de uma forma específica.

Os trailers passam a impressão de ser um jogo de corrida, mas esta é só uma parte da experiência. A jogabilidade é totalmente a de uma de visual novel, mas ao invés de só clicar em escolhas, o jogo traz um sistema de navegação de mapa que intercala partes de história com sessões de corridas que vão se alternando de acordo com os eventos. O objetivo aqui é ir do ponto A ao ponto B, ou seja, de uma cidade até a outra, temos diferentes caminhos e o jogador precisa ficar atento aos status de sonolência do condutor, bem como a mecânica do veículo, além de ficar de olho no medo que irá te perseguir, sendo preciso chegar ao destino final sem ser pego, caso falhe será necessário começar tudo novamente do início.

O gameplay se desenvolve nesse curso, saindo de uma cidade ao escolher a rota o jogador vai ter a sua disposição possíveis eventos, nesses eventos é possível conhecer novos personagens da trama que incluem situações de escolha que interferem nos status do jogador ou ainda ganho e perca de tempo com relação ao medo, que está sempre na sua cola, ao chegar no destino você pode acessar algumas funcionalidades, como explorar o local, dando andamento para a história, descansar e arrumar o carro quando existir a opção ou ainda comprar alguns itens caso deseje.

Como dito, as decisões do jogador têm influência direta nos status e relações com outros personagens que você irá encontrar durante cada viagem e por este motivo é preciso manter um certo grau de gerenciamento ou você irá acabar sem recursos para se manter na estrada e a aventura irá terminar. As partes de corrida são restritas a eventos específicos que variam entre, fugir da polícia ou apostar corrida contra outros pilotos em troca de dinheiro, sendo o diferencial a ausência de uma linha de chegada. Ainda existem corridas apenas para relaxar seja no silêncio, o som de alguma música ou o locutor da rádio falando sobre algo que pode ou não ter ligação direta com a história naquele momento.

Todas as corridas aqui são baseadas em tempo, este que geralmente tem a duração da música que toca durante o evento, assim o objetivo é conseguir fugir ou se manter à frente de seus oponentes até o final da música. A dificuldade é baixa e a AÍ é bem fraca, praticamente não existe desafio nestas etapas, com exceção de alguns obstáculos que podem aparecer nos percursos conforme você avança na história, como por exemplo, uma polícia mais intensa, obras na pista ou congestionamento, esses que elevam o grau que sua pilotagem precisa cumprir, mas no geral a dificuldade está mais em ter de gerenciar os recursos na exploração de mapa que é onde passamos a maior parte do tempo.

Apesar de ser interessante, essa alternância na jogabilidade não faz muito sentido na prática e a impressão da jogabilidade é a de um título que não sabe o que é ser, pois nenhuma de seus aspectos é bem desenvolvido, onde de um lado temos uma história com eventos aleatórios, onde alguns parecem bem sem sentido, a jogabilidade de corrida é bastante arcade e os desafios são baixos, sendo facilmente cumpridos, já a exploração no mapa estático pode acabar ficando enjoativa com o gerenciamento de recursos variando entre irrelevante ou aquela pedra no sapato.

Heading Out

Se a jogabilidade não sabe o que quer ser, a ambientação por outro lado é única e tem um conjunto que impressiona. Heading Out chega com uma apresentação visual completamente diferente do que encontramos comumente em outros títulos, os gráficos seguem o estilo Noir, ou seja tudo é preto e branco e as cores aqui só chegam como seletos efeitos visuais que não são predominantes na aventura. Esse estilo Noir combina perfeitamente com a proposta e contribui bastante para deixar a aventura com uma cara clássica de quadrinho, fato este que é acentuado ainda mais pela interface que traz pequenas tiras que mostram os pedais acelerando ou freando o veículo e também a troca de marchas.

Para complementar a ambientação, além dos visuais únicos, também temos uma excelente trilha sonora. Apesar de serem curtas, as sequências de corrida são sempre acompanhadas de faixas originais que embalam a jogatina e estão disponíveis para aquisição separadamente, mas o melhor de tudo aqui são os locutores. Esses profissionais de rádio narram os acontecimentos expondo opiniões sobre as decisões do jogador, os locutores adicionam uma camada ainda maior na ambientação e acabam de certa forma roubando a cena, tudo isso completamente localizado, com legendas e menus em português brasileiro.

Heading Out

No final, Heading Out é uma experiência diferente que não sabe bem o que quer ser. Temos uma boa ambientação, uma história interessante, mas sua jogabilidade é mista e alterna de uma forma que não consegue se desenvolver. O preço cobrado é justo, mas por conta da jogabilidade, eu prefiro recomendar este título para quem procura por algo diferente e quer encarar uma história interpretativa, do contrário é melhor esperar por uma promoção.

Confira no vídeo abaixo o começo de Heading Out:

Heading Out

7.5

Nota

7.5/10

Positivos

  • Arte
  • Trilha sonora e locutores
  • Temática
  • Localização em Pt-Br

Negativos

  • Jogabilidade
  • AI fraca
  • Enjoativo

Jeferson Vasconcelos

PC Gamer desde os anos 90, entusiasta de VR que não consegue ficar sem jogar os velhos consoles. Aguardando há anos pelo próximo Lineage

Saulo Fernandes

Publicitário de formação, editor do Gamers & Games desde 2015. Gosto de jogos de exploração, aventura e corrida, comecei a jogar no Master System, mas o meu console queridinho até hoje é o GameCube.
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