Dead Space – Será que um remake era necessário? | Análise

Sim o jogo requer um SSD para funcionar, quem não jogar com SSD poderá ter diversos problemas

Jeferson Vasconcelos30/01/2023Última Atualização 30/01/2023

Analisado no PC

Dead Space (2023) é um survival horror desenvolvido pela Motive e distribuído pela Electronic Arts. O título foi lançado em 27/01/2023 com versões disponíveis para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

Sendo um remake do aclamado título de mesmo nome lançado em 2008. Dead Space (2023) atualiza os gráficos e a jogabilidade, mas traz mudanças desnecessárias em personagens e detalhes.

História

Sem spoilers. Em Dead Space nós iremos acompanhar a jornada do protagonista Isaac Clarke, um engenheiro a bordo da nave de transporte USG Kellion que foi despachada para responder o pedido de socorro enviado pela nave mineradora de planetas USG Ishimura. Isaac e o time de socorro chegam a USG Ishimura, eles não encontram sinais da tripulação e acabam sendo atacados por criaturas, a partir daí começa uma aventura de sobrevivência e horror com muitos jump scares.

A trama principal continua com o mesmo formato, contudo o remake acabou recebendo modificações, com adição de missões secundárias, um final alternativo e alterações em vários detalhes nos personagens. Isaac finalmente ganhou voz que não estava presente no original e vários personagens receberam modificações que alteraram suas personalidades, seus visuais e diálogos, quem jogou o original vai notar as diferenças já de início.

História a parte, este remake também trouxe modificações na jogabilidade, nos visuais e sons. Para começar o jogo traz uma ambientação sensacional e mostra a evolução proporcionada nesse intervalo de 15 anos desde o lançamento do original.

Gráficos

Dead Space (2008) era incrível para a época, mas por conta das limitações da sua geração o jogo acabou tendo efeitos de iluminação que deixavam o ambiente bastante claro, mesmo com baixa ou ausência total de luz. Este remake de 2023 acaba com isso e a iluminação aqui segue a premissa do que realmente é esperado em uma nave com problemas de energia, ou seja, temos escuridão total e a luz ambiente aqui só está presente através de lâmpadas de emergência e terminais. Uma boa iluminação só existe quando o ambiente em que estamos está energizado, do contrário você irá se encontrar em uma escuridão total e só conseguirá enxergar um pouco na direção em que a lanterna ou arma do personagem estiver apontando.

A iluminação é sensacional e os gráficos também, com o jogo recebendo uma completa repaginada nos seus visuais, acertando em alguns quesitos e pecando nos detalhes. Por um lado, a nave está muito bem feita e você irá encontrar vários detalhes espalhados pelo ambiente, de painéis, computadores, terminais, switches e outros, tudo está muito bem feito e detalhado e quando combinado com a iluminação cria-se uma ambientação sensacional. Por outro lado, os personagens foram refeitos e seus modelos estão bem mal acabados, se comparados aos originais todos foram envelhecidos desnecessariamente, outro ponto completamente desnecessário é a politização do jogo que agora tem referências à ideologia de gênero em praticamente todas as propagandas e painéis do cenário. Foram trocados desde símbolos de banheiros, propagandas e até substituição de painéis que no original eram compostos por personagens asiáticos e agora não mais, como se personagens asiáticos em jogos ocidentais já não fossem minoria.

Jogabilidade

O remake não traz só mudanças visuais, a jogabilidade também recebeu algumas mudanças que impactam diretamente no combate do jogo. No geral a jogabilidade continua com a mesma do original, ou seja, você pode andar e correr, as armas têm modos de disparo e você tem o módulo de stasis usado para congelar o tempo por um determinado momento. As mudanças chegam nas armas que agora possuem alguns módulos diferentes, nas missões secundárias que exigem um certo backtracking, no sistema de desmembramento que foi completamente refeito, nos loadings que foram removidos e por último temos a introdução do Intensity Director.

Os grandes diferenciais são o novo sistema de desmembramento e o Intensity Director. Começando pelo sistema de combate que agora conta com desmembramento em camadas que não estava presente no original, eliminar inimigos não é mais uma tarefa simples de apontar e atirar, todos os inimigos agora contam com camadas, sendo necessário criar uma estratégia para se utilizar o método mais efetivo para retirar a camada e expor o osso para ser cortado com o cortador de plasma. Este novo sistema faz com que o jogador tenha de pensar qual arma ele vai utilizar para enfrentar cada inimigo, o que acaba aumentando um pouco a dificuldade em certos encontros, mas o sistema é interessante e funcional.

A maior mudança nesse remake com certeza foi a introdução do Intensity Director. Dead Space é um survival horror, onde o jogador está preso em uma nave cheia de monstros e apesar dos corredores apertados, das criaturas e da iluminação já serem o suficiente para criar tensão, os desenvolvedores queriam colocar um toque a mais e criaram o Intensity Director. Esse sistema é responsável por alterar a jogatina criando encontros aleatórios e modificando cenários e iluminação, isso tudo de acordo com o ritmo de jogo de cada jogador, o que revitaliza e cria um certo fator replay pois por causa desse sistema você terá duas jogatinas completamente diferentes.

Áudio

Não só os visuais e a jogabilidade foram atualizados e o remake também recebeu uma completa repaginada nos efeitos de áudio que infelizmente criam e também acabam com a tensão. Se o original tinha bons efeitos de áudio o remake não poderia ficar atrás e a nova versão recebeu grandes melhorias que vão desde de pequenos detalhes como a variação da respiração do personagem conforme a situação, até efeitos espaciais e de oclusão de áudio com o ranger e ativação das estruturas da nave e também dos inimigos.

Os novos efeitos de áudio são a cereja no bolo para criar aquela ambientação de terror com muita tensão, mas infelizmente também são o calcanhar de Aquiles, pois se você tiver um bom sistema de áudio, será fácil prever praticamente todos os jumpscares do jogo. Eu joguei com um Corsair Void Pro e foi fácil perceber quando seria emboscado, pois dava para perceber os sons que os inimigos fazem ao andar pela nave e isso acaba removendo grande parte da tensão e depois de um tempo o jogo acaba virando mais um shooter de ação do que um survival horror.

Desempenho, bugs e problemas

Dead Space 2023 pode ser considerado um jogo de nova geração, o título é exclusivo dos consoles atuais e pede configurações nada modestas nos seus requisitos recomendados para PC. Jogamos a versão de PC com uma máquina que atende com folga os requisitos, com o jogo instalado em um SSD m.2 NVMe 3.0 e tudo correu de forma esperada na maior parte do tempo, com exceção de pequenos problemas.

Nos nossos testes o jogo se comportou bem, não tivemos crashes e os quadros sempre se mantiveram acima dos 60 fps, contudo os stutters são recorrentes e acontecem quase sempre ao chegar em uma nova área. Este problema não chega a atrapalhar a jogatina, mas não tem como não notar, eles são presentes, porém não são constantes e acontecem de vez em quando.

Sim o jogo requer um SSD para funcionar, quem não jogar com SSD poderá ter diversos problemas como itens chave não aparecerem e switches não funcionarem. No nosso caso encontramos apenas um problema ao chegar em um local e uma porta não abrir de maneira alguma, nessa ocasião eu carreguei o último ponto salvo e ao invés de correr eu fui andando para o local e a porta funcionou. A ausência de telas de carregamento não quer dizer que o jogo não precise carregar setores e ao que tudo indica se você tentar correr em certas ocasiões este problema poderá acontecer.

O título vem com as tecnologias DLSS e FSR que ajudam a manter uma maior taxa de quadros, mas fica o aviso, mesmo com essas tecnologias se sua máquina não atende aos requisitos mínimos é melhor não partir nessa aventura, pois o jogo é pesado e você provavelmente não terá a melhor das experiências.

Conclusão

No final, apesar de Dead Space (2023) ser um remake bem feito, com visuais incríveis e uma bela ambientação, a sensação final é de um remake desnecessário, feito em parte para capitalizar em cima dos fãs ou pela falta de criatividade da desenvolvedora em criar novas IPs ou dar continuidade nas franquias, visto que a trilogia original teve um final bastante questionado pelos fãs e seu título original Dead Space (2008) não envelheceu mal, ainda continuando um bom jogo apesar da idade. O preço cobrado é salgado e por isso eu prefiro recomendá-lo somente para quem não jogou os títulos originais, caso você já conheça a franquia é melhor esperar por uma promoção.