Gord – Singular, bonito e gótico | Análise

Gord se mostra desafiador e promissor, apesar dos tropeços.

Thiago Richeliê23/09/2023Última Atualização 23/09/2023

Analisado no PlayStation 5

Gord é um projeto executado por um ex produtor dos estúdios que desenvolveram The Witcher. Acontece que agora ele tem um estúdio próprio chamado Covenant.dev e dedica-se integralmente a ele, o game de estratégia foi publicado pela Team17 e está disponível para os consoles PlayStation, Xbox e no PC. Em Gord somos responsáveis por controlar um grupo de pessoas que fazem parte da Tribo do Amanhecer, que são obrigadas a vagarem por terras proibidas, a fim de fortalecer seus alcances e atrasar o progresso do reino vizinho que tenta tomar suas terras.

Os súditos da tribo se deslocam de uma região para outra, criando assentamentos e após levantarem edifícios, seguem para a próxima região. Durante essas jornadas, devemos coletar recursos que serão primordiais para a progressão do jogo. Cortar árvores, procurar comida, construir casas… Nada de novo até aqui, quando se trata de um jogo sobre assentamentos medievais, além de descer o cacete em aranhas e lobos, caso cruzem nosso caminho.

A dificuldade começa a aparecer de acordo com nossa evolução. O estado de sanidade das pessoas se apresenta bastante instável, uma vez que para elas, não é fácil viver sob tais condições. Esse estado mental pode ser acompanhado por meio de um indicador, em uma escala localizada sob a barra de saúde. Geralmente, quem está mais privado da luz do dia, possui uma barra mais reduzida. Outros fatores também rebaixam o nível de sanidade das pessoas, como morte de amigos próximos, fome, ferimentos e doenças.

As cutscenes são interessantes, mas a história central não te prende. Os diálogos são superficiais e com o passar o do tempo, você passa a ignorar completamente. Mas nem só de problematizações se compõe este jogo. Digo de forma honesta, que a ambientação do jogo é bastante detalhada: pântanos lamacentos, cenários congelados, florestas densas, escuras e distorcidas, ou seja, uma grande variedade de biomas. No aspecto gráfico dos cenários, o jogo acertou em cheio, trazendo à tona uma sensação de desconforto, algo que se mostra bastante positivo, levando em consideração que o jogo é bastante sombrio e bizarro.

Toda essa mistura de sobrevivência, com elementos de RPG e estratégia oferece muito desafio, uma vez que equilibrar tudo isso não é tarefa fácil. Coletar e gerir recursos associado a exploração e expansão de acampamento e a proteção do mesmo, se torna algo bastante estressante e gratificante também. Neste momento, quem passa a ter uma barra de sanidade é você!

Singularidade é a palavra que me veio à cabeça quando parei e prestei atenção na trilha sonora de Gord. Seguindo a linha sombria e gótica do jogo, a trilha tem a mesma pegada, com elementos nórdicos bastante promissores. Minha dica é que você se concentre bem nos sons, eles podem passar despercebidos em relação aos cenários. O estímulo visual é deslumbrante.

Durante as jornadas de exploração, floresta adentro, ouvimos grunhidos de criaturas entre os arbustos, folhas sendo balançadas pelo vento e vários outros sons que oferecem uma imersão incrível.
Mas eu não poderia deixar de elencar um detalhe que me incomodou muito: Alertas de pessoas desocupadas. Toda vez que os recursos se esgotam, as pessoas param de trabalhar e uma buzina insuportável soa, trazendo uma certa confusão, pois parece um alerta de ataque. Até se acostumar com isso, você já correu diversas vezes para o assentamento procurando inimigos. A frequência com que isso ocorre é bastante irritante.

Gord se mostra desafiador e promissor, apesar dos tropeços. É um jogo visualmente agradável e auditivamente interessante, mas erra rudemente por não oferecer tradução em PT-BR e isso limita muito para quem não tem habilidades com o inglês. A temática gótica magoada e sombria das trevas foi muito bem elaborada e desempenhada, com gráficos bem polidos e detalhados. A mecânica se mostra mais desafiadora no equilíbrio de todos os elementos, do que no combate em si. No geral, ele vale a pena, caso você procure um jogo que te instigue e desafie, sem te frustrar.