
S.T.A.L.K.E.R.: Legends of the Zone Trilogy Enhanced Edition – Dando uma maquiada e atualizando três bons jogos antigos | Análise
Analisado no PC
S.T.A.L.K.E.R.: Legends of the Zone Trilogy Enhanced Edition é uma remasterização dos três primeiros jogos da franquia S.T.A.L.K.E.R. desenvolvida e distribuída pela GSC Game World. Os títulos podem ser adquiridos separadamente ou através da coleção estando disponível desde 20/05/2025 com versões para PC, PlayStation 5 e Xbox Series. A coleção Legends of the Zone Trilogy também chegou no Switch e nos consoles da geração passada em 2024 em um port com algumas adições de estabilidade das versões do PC, mas sem melhorias gráficas.
Remasterizando e finalmente trazendo a trilogia para os consoles de nova geração. S.T.A.L.K.E.R.: Legends of the Zone Trilogy Enhanced Edition chega com uma experiência interessante que adiciona algumas novidades com visuais repaginados e algumas remoções de conteúdo. De toda forma, essa é definitivamente a melhor opção para quem nunca jogou estes três jogos e não possui um PC.
Se você não conhece a franquia ou já começou pelo mais recente sucesso S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl. A franquia S.T.A.L.K.E.R. se passa dentro da “Zona”, um perímetro de exclusão ao redor da famosa Usina Nuclear de Chernobil que no universo do jogo sofreu dois eventos catastróficos, o de 1986 e um segundo em 2006, ambos estes relacionados a pesquisas secretas. A Zona é de certa forma fechada ao público e controlada por forças armadas, o local irradiado é cheio de mistérios e guarda desde mutantes até artefatos e anomalias. Pensando em riqueza ou até na liberdade proporcionada pelas leis do local nós temos os STALKERS (Scavengers, Trespassers, Adventurers, Loners, Killers, Explorers and Robbers) que correm o risco se aventurando dentro da zona geralmente à procura dos raros artefatos que valem uma boa grana fora daquele local.
A série teve início em 2007 com Shadow of Chernobyl, um título que focava mais em aspectos survivor horror e começa com nosso personagem sendo resgatado e acordando na Zona, com uma tatuagem com os dizeres S.T.A.L.K.E.R. em seu braço e uma missão de “matar Strelok”. O segundo título Clear Sky chegou no ano seguinte em 2008 com uma abordagem diferente de seu antecessor, o jogo é uma pré sequência de Shadow of Chernobyl que continua começando com nosso personagem sendo resgatado e acordando em uma base, mas agora temos o abandono do estilo em survivor horror em favor de um conflito entre facções que te leva a muito combate. Em 2009 nós tivemos o lançamento do terceiro título Call of Pripyat que mescla os aspectos de seus antecessores, temos uma nova aventura que parte do fim do primeiro jogo e se inicia com o jogador no papel de um S.T.A.L.K.E.R enviado para a Zona com a missão de investigar a queda de alguns helicópteros.

Quem teve a oportunidade de jogar os títulos na época de lançamento sabe que apesar de interessante a franquia é acompanhada de vários problemas técnicos. Shadow of Chernobyl e Clear Sky chegaram com diversos problemas que só foram corrigidos depois de diversas atualizações e até modificações feitas pela comunidade, sendo estes dois servem quase como uma espécie de testes para o terceiro jogo. Call of Pripyat teve um lançamento mais estável e acabou servindo de base para diversos pacotes de modificações que transformam a experiência completamente, seja na parte visual ou de mecânicas de jogo culminando na atual e popular versão standalone S.T.A.L.K.E.R.: Anomaly e seu pacote de mods G.A.M.M.A.
Infelizmente as modificações são salvas algumas exceções, exclusivas da plataforma PC e quase nunca chegam nos consoles. Dito isso, esta versão remasterizada, adapta os jogos para os consoles, trazendo suporte completo a controles também no PC e teclado e mouse nos consoles, além disso temos melhorias visuais e alguns recursos, contudo a jogabilidade é a mesma e segue um pouco datada sem o uso de mods.
Essas edições aprimoradas chegam com visual completamente refeitos. Os três jogos receberam melhorias de iluminação com raios crepusculares, reflexos em tela dinâmicos e iluminação global, os modelos receberam texturas aprimoradas com NPCs, armas, equipamentos e cenários tendo um aspecto mais HD quando comparados aos originais e a interface também sendo maquiada, mas mantendo o estilo original. Visualmente o jogo está superior às versões originais e fica nítido logo no início, pois temos novos shaders para a água que deixam as superfícies molhadas com visuais modernos, além de também termos céus mais realistas que combinados às outras novidades criam uma ambientação muito bem feita.
Os jogos receberam suporte a maiores resoluções, formatos de telas, suporte a FSR e opções para se alterar o campo de visão. Com os novos efeitos, nós temos mais opções para configurar no PC, já nos consoles os jogos chegam com perfis pré-definidos que também não fazem feio, até porque apesar de ser um remaster estes são jogos antigos que não exigem muito dos hardwares atuais.

Como dito acima, com os ports para os consoles, os títulos receberão suporte total aos controles que foi expandido no PC e a teclado e mouse nos consoles. O DualSense teve aquela atenção especial com funcionalidades para os gatilhos adaptáveis, luzes e sons no console com o objetivo de aumentar ainda mais a imersão. Nós jogamos uma versão pré-lançamento no PC e aqui o DualSense também estava funcionando via cabo, porém somente os gatilhos adaptáveis estavam ativos, com os recursos de luz e áudio não estando funcionando na versão jogada.
Mesmo estando visualmente superior aos originais, os jogos têm suas limitações e temos algumas inconsistências além da remoção de recursos e suporte. Por conta do espaço de tempo disponível, não foi possível jogar até o fim os jogos desta trilogia, nós jogamos apenas as primeiras horas de cada título e no período testado, os três títulos se comportaram de maneira estável, não tivemos crashes e não encontramos bugs. Embora os visuais estejam superiores, o jogo está com um aspecto embaçado que não sumiu mesmo após desativarmos o FSR e o motion blur, o que deixa a atmosfera de certas partes estranhas e outro ponto a ser notado são as cores que estão diferentes e alguns locais acabam tendo uma aparência completamente diferente das dos originais.
Apesar de estar mais estável, essas novas versões chegam com algumas remoções e adições de conteúdo que incluem a exclusão da dublagem em Russo e de diversas referências à União Soviética, uma certa censura feita de certa forma por conta da atual situação vivida pelos desenvolvedores que são ucranianos. Em contrapartida os jogos receberam localização com vozes e texto para o idioma Ucraniano, além de outros, porém ainda não temos localização para o PT-BR.
Por conta de ser uma nova versão remasterizada, os três jogos não têm suporte aos mods dos originais e nada já feito para estes jogos irá funcionar aqui. Inicialmente esta notícia pode ser ruim pois a franquia possui extensos pacotes de modificações, contudo estas novas versões chegam com suporte oficiais a plataforma mod.io e a oficina Steam, ou seja, temos suporte oficial a mods e é só uma questão de tempo até a comunidade criar ou adaptar os já existentes.
No final, apesar de algumas modificações e inconsistências, S.T.A.L.K.E.R.: Legends of the Zone Trilogy é a melhor forma de começar a jogar estes jogos antigos. Os remasters são mais estáveis e com algumas atualizações e maior compatibilidade com os sistemas mais atuais. Quem possui os originais no PC irá receber as novas versões de forma gratuita, mas o preço cobrado é justo nas versões de PC e Xbox, porém no PlayStation a trilogia sai um pouco mais salgada. De toda forma, eu posso recomendar a trilogia para quem está começando na franquia e quer conferir os primeiros jogos, do contrário é melhor esperar por uma promoção ou jogar os originais com mods no PC, lembrando que quem comprar as versões aprimoradas também recebe os originais.