Mechajammer – Jogando contra dados viciados | Análise

Esta análise reflete o estado do jogo na data desta publicação, portanto alguns pontos podem estar em desacordo com versões futuras.

Jeferson Vasconcelos27/12/2021Última Atualização 27/12/2021

Analisado no PC

Mechajammer é um RPG de combate em turnos, desenvolvido pela Whalenought Studios, distribuído pela Modern Wolf e lançado para PC em 02/12/2021.

Mechajammer é um daqueles jogos que vai para à sua lista de desejos logo depois de assistir ao trailer, contudo ao jogá-los você acaba se decepcionando. Confesso que estava ansioso por este lançamento e acabei demorando para fazer esta análise, pois decidi dar um tempo para os desenvolvedores atualizarem o jogo e infelizmente no seu atual estado, o título está cheio de problemas, falta balanceamento e a experiência é extremamente frustrante.

Um dos pontos positivos do jogo é a ambientação que irá deixar qualquer fã de ficção científica louco para jogar. Sem spoilers, o universo do jogo se passa em um futuro onde a civilização humana colonizou outros sistemas solares, aqui nós iremos jogar como um soldado integrante de um grupo que faz uma aterrissagem de emergência em um planeta colônia, um lugar hostil tomado por poluição e onde a pouca população é controlada pelo crime organizado. O objetivo aqui é conseguir sobreviver e sair desse planeta, mas essa não será uma tarefa fácil.

A ambientação e os gráficos são a melhor parte do jogo, pois atualmente o restante está tomado por problemas e eles começam logo no início, já no tutorial e na criação de personagem. O tutorial do jogo serve basicamente para te ensinar os controles básicos, vale a pena fazer pelo menos até na parte de combate, pois a partir daí tudo começa a ficar bem ruim com várias possibilidades de softlock, sendo praticamente impossível terminá-lo.

Depois de desistir do tutorial é hora de partir para o jogo de fato e para isso é preciso criar seu personagem. Como todo bom RPG, Mechajammer deixa você criar seu personagem, sendo possível escolher o histórico, profissão, fraquezas e idade, contudo o que parece ser interessante na verdade é uma armadilha que irá pegar aqueles que querem fazer um personagem mais “real”. Basicamente todas as escolhas tem um lado positivo e um negativo, mas você não saberá o que irá influenciar cada status até confirmar a sua escolha, isso acaba levando a escolhas que deixam o jogo praticamente impossível de ser jogado.

Se criar um personagem mais velho você perde charme e dificilmente irá conseguir recrutar alguém, se colocar alguma patologia prepare-se para morrer para ratos, se quiser ser um soldado perfeito pode esquecer, pois mesmo colocando pontos em alguma habilidade específica você ainda será refém dos dados.

Como em um RPG de mesa, o jogo se baseia em dados para literalmente tudo e isso é um problema, pois os dados aqui são viciados. De um simples ataque corpo a corpo, um disparo de arma de fogo, hacking, arrombamento de fechaduras ou recrutamento, tudo é baseado na rolagem dos dados. O sistema de combate é em turnos dinâmicos, onde cada movimento feito pelo jogador conta como um turno, assim para cada ação que você faz o inimigo também fará uma. O problema aqui é que os sistemas não se encaixam, o jogo é em turnos e não possui checagem de acerto, assim não é possível saber a chance de acertar ou errar o ataque antes de tomar uma decisão, os dados só rolam no momento em que a ação será feita, ou seja é como se você estivesse jogando uma moeda e apostando em cara ou coroa. Em uma das últimas atualizações finalmente foi adicionado um log para mostrar qual foi o resultado dos dados, mas ele só mostra o que aconteceu e não temos as chances de sucesso.

Infelizmente esse sistema é extremamente frustrante e injusto, você se sente jogando com dados viciados que estão sempre contra você e sem saber o que pode influenciá-los. Por esse motivo é praticamente impossível de se acertar ataques à distância, sendo comum receber ataques críticos e efeitos negativos de inimigos fracos, ou seja dependendo do seu personagem você poderá morrer para um simples rato.

Se o combate já é ruim, a interface e os controles também não ajudam. O jogo tem uma interface bem estranha que lembra os antigos jogos de RPG e que não é nada intuitiva, o que acaba contribuindo negativamente para a jogabilidade. Os controles são ruins em grande por causa da interface, pois ela faz com que seja difícil saber se você está clicando no objeto ou inimigo correto, assim ocorrem vários cliques errados, tanto no combate quanto nas interações com itens, algo que não é nada interessante visto que o combate é baseado em turnos por ações.

O que está ruim pode piorar e infelizmente essa é a realidade aqui. Além de todos os problemas de balanceamento, combate, interface e controles, o jogo está com muitos bugs, que vão desde a eventos não acontecem, a personagens ficando travados e até a save games não funcionando. O lado bom é que os desenvolvedores estão atualizando o jogo com certa frequência, mas devido a quantidade de problemas corrigir tudo vai levar algum tempo.

Como disse mais acima, o jogo tem alguns acertos e um deles são os gráficos. No quesito arte, temos uma mistura de lowpoly com pixel art interessante, por causa dos estilos não existem muitos detalhes, mas o jogo fica com uma cara retrô e um certo charme. Infelizmente esta escolha acaba criando o problema da “caça de pixels” citado mais acima, onde é difícil saber quando estamos clicando no objeto correto, o que acaba gerando muitos cliques errados.

Mechajammer foi com certeza a minha maior decepção relacionada a jogos neste ano. O título acabou sendo vítima do erro fatal de ter sido lançado como um produto “completo” e não como um acesso antecipado e apesar de ter uma proposta interessante, o jogo não está pronto, existem muitos problemas de balanceamento e bugs que fazem desta uma experiência extremamente frustrante. Por causa dos problemas eu prefiro recomendar este jogo somente para quem quiser dar suporte ao andamento do projeto, do contrário é melhor esperar um bom tempo por atualizações e correções dos sistemas.